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Maternei: Gravidez não é doença, mas todo cuidado é pouco quando se trata de vida

12 JUL 2017Por Valdeir Simão e Youssef Nimer10h:56

“Para de frescura, você está grávida e não doente”. “Ai, na minha gravidez eu não senti nada, transei até o dia do parto”. “Ah, mas você não pode ficar aí, parada, gravidez não é doença”. “Eu na gravidez fui para a academia normal”. Bom, se palpite viesse em forma de fraldas, lenços umedecidos ou utrogestan a vida de muitas gestantes seria mais fácil e mais barata.

Quando engravidei, foi pós-bariátrica, no tempo certinho que a equipe médica comandada pelos cirurgiões Cesar Conte e James Câmara me deram para engravidar. O único agravante foi que não atendi a minha nutricionista Mariana Corradi que sempre me alertava sobre as questões de vitaminas e afins.

Ainda assim, eu sabia que não seria uma gestação tão fácil. Com idade de 36 anos, musculatura ‘flácida’ devido a alta perda de peso, a preocupação era o quanto eu iria aguentar. O índice de prematuridade entre pacientes gestantes bariátricas é muito grande e isso já é sabido pelos médicos.

Foi então que o bicho começou a pegar. Com um cérebro programado no 220 e toda história de dois descolamentos de placenta, mais um monte de dúvidas, tudo isso ficaria mais fácil sem os palpites.

Digo inclusive, para vir em forma de utrogestan, porque esse é um medicamento caro que tive que usar praticamente durante toda gravidez e que tem o valor mensal de mais ou menos R$ 300. Fora todos os outros gastos. Agora imagine as milhares de mulheres que fazem uso de injeções de Clexane, que é uma pequena furtuna diária?

E é ai, que entro no X da gestão. A gravidez de risco é um risco mesmo, para a gestante e para o bebê.

O primeiro médico que fui me afirmou categoricamente que minha gestação não iria em frente, por causa da idade (nossa, 90 anos de certo), da condição de bariátrica (Ah, se eu fosse obesa mórbida seria melhor?), porque a conhecida da esposa do vizinho teve uma gestação assim. Corri léguas dele! Porque além de quase me surtar, ele surtou meu esposo que não queria nem que eu respirasse mais profundamente.

Com o trauma do primeiro GO, eu demorei um pouco para ir a médica. Quem atendeu minha gestação foi a dra. Lilliam Maksoud, mas até eu chegar nela, tive que sofrer um bocado e aprender aos trancos e barrancos.

Ali eu consegui finalmente alguém que se "encaixasse". Sim, o bom relacionamento com o responsável pelo pré-natal é essencial para uma gestação. “Ah, mas o meu é do SUS, nem me atende direito”. Sim, isso acontece e ainda bem que é minoria, mas é importante você também se sentir á vontade com quem vai cuidar de você.

Uma coisa que sempre tive em mente, é que minha obstetra foi e sempre será a primeira médica da minha filha, inclusive antes do pediatra. Me lembro que no começo, eu sentia vergonha de ligar ou mandar mensagem perguntando as coisas, e isso foi se desfazendo com a necessidade cada vez mais frequente de cuidados.

Claro, que a realidade da maioria das gestantes é diferente, mas ainda assim, é importante usar esse espaço para ressaltar a importância de um bom acompanhamento. Em minha experiência como jornalista, já vi várias mães perdendo o bebê ou enfrentando um dolorido parto após a morte do bebê ainda dentro do útero. E não estou falando de abortos espontâneos de poucas semanas. Estou falando de tragédias pessoais onde o feto com 30, 35 semanas morreu dentro da barriga da mãe.

Um trauma terrível, que me faz hoje falar abertamente com várias mulheres sobre o assunto. Muitas, ainda tem o tabu de não perguntar, não questionar. Porém, é preciso brigar pela própria vida e da criança que está para nascer. E isso inclui um pré-natal decente, onde se preciso for, a gestante deve recorrer a Justiça, a imprensa, ao Papa, mas deve buscar o atendimento.

Também é preciso lembrar que há fases ideais para ultrassonografia, exames periódicos, mas quem decide isso é a médica, mas questionar é salutar e preciso.

"Ah, mas sua médica pede muitos exames, você vai muito ao médico". Eu durante a gravidez por exemplo, ouvi (mas não dei ouvidos), a mil coisas e tudo começou a melhorar quando usei a frase preferida da minha médica:

- Em qual faculdade de medicina de Corguinho você se formou?

A frase foi libertadora, porque foi graças a experiência e conhecimento da minha médica que ela descobriu que minha filha virou e encaixou e despois desvirou. E foi também seu tato que a fez perceber que eu estava em trabalho de parto indolor. Que de fato existe e que poderia ter causado grandes problemas em caso de um parto natural invertido.

Claro, que médico não é Deus, que aqueles conselhos para o seu bem sempre são bem vindos, mas o resto, é melhor preferir em dinheiro.

Por: Liziane Berrocal

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