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Adélio, esfaqueador de Bolsonaro, diz que presídio de Campo Grande é 'satânico'

Há três anos e quatro meses do atentado, PF ainda investiga o episódio; réu foi tido como inimputável

12 JAN 2022Por Redação/EC07h:52

Era 6 de setembro de 2018 e o então candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro (PL), foi fazer campanha na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. 

Embora cercado de especialistas em segurança pessoal, entre os quais agentes da Polícia Federal escolhido a dedo para ali cumprir expediente, o desempregado Adélio Bispo de Oliveira, hoje com 43 anos de idade, aproximou-se do candidato e aplicou-lhe um golpe de faca na barriga.

À época, a equipe de Bolsonaro jurava que o ataque teria motivação política. A PF investigou o caso e o desfecho foi esse: Adélio agiu sozinho, e, por ser portador de transtorno delirante persistente, a Justiça o considerou inimputável (agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato". 

Ou seja, Adélio é um inculpável. Ainda assim, Bolsonaro não acredita nisso e o caso foi reaberto recentemente. O mandatário quer saber as circunstância da facada.

Hoje, terça-feira (11), o colunista do UOL, o jornalista Josmar Jozino, publicou um artigo em que diz que Adélio Bispo afirma que a penitenciária federal de Campo Grande, onde está detido, é um "lugar satânico".

Com o adjetivo satânico, Adélio quis dizer que a penitenciária da Capital é insuportável, demoníaca, diabólica, endiabrada, infernal, maquiavélica e ainda, um local terrível.

No publicado do UOL, é dito que Josmar Jozino teve acesso a uma carta escrita por Adélio, em agosto de 2019, e endereçada ao juiz-corregedor da 5ª Vara Federal de Campo Grande, Dalton Igor Kita Conrado.

O preso pedia transferência para o sistema prisional de Minas Gerais, de preferência para uma unidade de Montes Claros, interior de Minas.

Adélio alega, diz o texto, que tem muitas razões para não querer ficar no presídio federal e diz que uma delas é por causa do "maçônico satanismo" na penitenciária de Campo Grande. 

Ele afirma que o "prédio foi construído com essa finalidade, projetado maçonicamente, para adoração ao diabo".

Por ser portador de transtorno delirante persistente, o autor da facada em Jair Bolsonaro foi considerado inimputável em 14 de junho de 2019 pelo juiz Bruno Savino da Matta, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora.

O juiz também determinou, por medida de segurança, a internação de Adélio em presídio federal por tempo indeterminado ou enquanto não for verificada a cessão da periculosidade dele.

Ainda de acordo com o UOL, desde 8 de setembro de 2018, quando pisou pela primeira vez na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), o preso Adélio Bispo de Oliveira, 43, é tido como herói por integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). 

Há relatos de hostilidades e agressões contra Adélio que seriam cometidas por funcionários da penitenciária

As hostilidades contra Adélio, segue o artigo, foram confirmadas à reportagem pelo piloto de helicóptero Felipe Ramos Morais, 35, acusado de ter prestado serviços para narcotraficantes ligados ao PCC. 

Ambos ficaram recolhidos na Ala D do presídio federal e tomavam banho de sol juntos.

Felipe já está em liberdade. Ao UOL, ele disse ontem que era o melhor amigo de Adélio na prisão. O piloto contou que os dois costumavam jogar damas. 

Segundo Felipe, Adélio teve o pé quebrado por agentes penitenciários porque não queria ir para o banho de sol e foi levado à força.

Mas de acordo com a direção do presídio, em 8 de outubro de 2019, durante revista para o banho de sol, Adélio não colaborou com os agentes, desobedeceu às ordens, jogou roupas no chão, chutou a porta da cela e teve de ser imobilizado e conduzido à força para o isolamento de 10 dias.

A penitenciária abriu na ocasião Procedimento Disciplinar Interno para apurar o caso. 

Adélio, por sua vez, foi ouvido na sindicância e disse que logo após o almoço, o agente foi à cela dele e, com tom de voz alto e agressivo, bateu na porta e com rispidez perguntou se ele iria para o banho de sol.

Segundo Adélio, prossegue o artigo de Jonas Jozino, o agente fazia isso só com ele e certa vez jogou até a comida dele no chão da cela.

Na sindicância foi dito que o servidor é bolsonarista e costumava dizer que "quem vota no Lula é vagabundo e que Bolsonaro é um homem de Deus".

O piloto foi ouvido na sindicância e afirmou que desde que Adélio ingressou na unidade prisional passou a ser perseguido pelo agente pelo fato de ter cometido atentado à vida de Jair Bolsonaro. 

Por ter testemunhado a favor do colega preso, Felipe também sofreu hostilidades do mesmo funcionário.

Ainda segundo Felipe, os federais iam com frequência no presídio e sempre o chamavam para conversar. 

Os policiais queriam saber se Adélio havia dito se agiu sozinho no atentado contra Bolsonaro ou se alguém o teria ajudado no planejamento e execução do crime.

A amizade de Adélio e Felipe não durou muito tempo, citado o artigo. 

O piloto brigou com o vizinho de ala porque o preso gritava muito na cela, fazia barulho e o irritava bastante, chamando-o de "maçom". 

O esfaqueador de Bolsonaro enxergava maçonaria em tudo.

Por ser inimputável, Adélio não foi punido da sindicância aberta contra ele em outubro de 2019.

Correio do Estado MS - Celso Bejarano

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