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A cada 5 horas, uma pessoa tenta tirar a própria vida em Campo Grande

12 SET 2023Por Redação/EC18h:04

No primeiro semestre deste ano, 855 pessoas tentaram tirar a própria vida em Campo Grande, o que significa que a cada 5 horas uma pessoa tenta suicídio na Capital. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).

Mulheres são maioria nas notificações de violência autoprovocada, com 609 casos registrados de janeiro a junho deste ano, o que representa 71,2% do índice.

Para a psiquiatra da Unimed Campo Grande, Dra. Graziela Michelan, não é uma surpresa que mulheres sejam a grande maioria no índice. Segundo ela, fatores genéticos, hormonais e até mesmo estruturais da sociedade acabam as tornando mais propensas a recorrer à violência autoprovocada.

“Infelizmente, não é uma surpresa mulheres representarem o maior índice, pois isso ocorre em todo o mundo, não só aqui na nossa cidade. As mulheres têm como propensão a genética e as flutuações hormonais, além de outros fatores, como o estresse, o pós-parto e por serem mais portadoras de outras doenças, como as relacionadas à tireoide, além da sobrecarga de funções: trabalho, casa, relacionamento, estudo, cobranças de uma mulher poderosa e perfeita, o que na verdade, não existe. Por isso é muito importante reconhecermos onde estão nossos limites e nossas falhas”, explicou.

Análise por faixa etária

Levantamento da Sesau apontou que jovens de 20 a 29 anos foram os que mais tentaram tirar a própria vida no primeiro semestre deste ano, sendo 85 homens e 205 mulheres, o que equivale a 33,9% dos casos.

A segunda faixa etária com maior incidência foi a de jovens de 15 a 19 anos, que representam 21,6% dos registros, com 48 homens e 137 mulheres atendidos.

Chama a atenção os dados referentes a crianças e pré-adolescentes de 10 a 14 anos. Em homens, foram registrados 5 casos, já em mulheres, o número é chocante: 48 meninas realizaram violência autoprovocada.

Além disso, quatro crianças, dois meninos e duas meninas, com idade inferior a 10 anos tentaram tirar a própria vida.

Os adultos de 30 a 39 anos e 40 a 49 anos representam 18,9% e 10% dos casos, respectivamente.

Os casos na população de idade mais avançada vão apresentando queda com o aumento da faixa etária. Homens e mulheres entre 50 e 59 anos representam 5,2% dos casos, e os de 60 a 69 anos, 1,7%.

Entre os idosos de 70 a 80 anos, a tentativa de tirar a própria vida é mais comum aos homens. Foram 11 registros do sexo masculino e 5 do sexo feminino. Juntos, eles representam 1,7% dos casos.

Cuidados

Segundo a especialista, o estresse e o cansaço da rotina, além das exigências da vida moderna, acabam fazendo com que as pessoas negligenciem a própria saúde e bem-estar. Para evitar que os problemas de saúde mental sejam agravados, é essencial procurar equilíbrio, dedicar tempo ao autocuidado e, é claro, buscar por ajuda profissional.

“Com a correria do dia a dia fica cada vez mais difícil encontrarmos um tempo para praticar o autocuidado, no entanto, é fundamental se colocar em primeiro lugar e reservar um momento para cuidar da nossa saúde mental, e a psicoterapia tem uma ação providente neste autoconhecimento e garantia da saúde mental”, destacou a psiquiatra.

Para aqueles que enfrentam problemas de saúde mental, Michelan reforça que algumas ações diárias e rotineiras, como tomar mais água e manter uma alimentação equilibrada, por exemplo, podem ajudar neste autocuidado. 

Além disso, a psiquiatra destaca a prática de atividade física como um dos pontos mais importantes para cuidar da saúde mental.

"Exercitar o corpo contribui não somente com o corpo físico, mas ajuda a melhorar a circulação cerebral, contribuindo com a parte cognitiva, melhora a síntese e degradação de neurotransmissores e o funcionamento do nosso 'segundo cérebro': o intestino, onde é produzido grande quantidade de serotonina, um dos neurotransmissores da felicidade", destacou.

As relações sociais e afetivas também são importantes no processo, assim como os momentos de lazer e atividades relaxantes. 

Atenção aos sinais

Segundo a médica, um fator fundamental é não negligenciar os sinais, como o isolamento social, pensamentos e conversas relacionadas à morte, mudanças bruscas de humor, aumento do consumo de álcool e outras drogas, além de transtornos mentais.

“Buscar ajuda profissional é fundamental para ajudar a lidar com os transtornos da mente. Hoje há possibilidade de terapias on-line, que tem mostrado bons resultados, boa eficácia quando feita com um profissional habilitado. E outra forma de externar o que você sente, porque muitas vezes é difícil falar, é escrevendo, especialmente para pessoas com doenças crônicas, escrever traz ótimos benefícios”, pontuou a Dra. Graziela.

A médica destaca ainda que podemos ajudar pessoas à nossa volta.

“Incentive a pessoa que está com esses pensamentos ou sinais a procurar ajuda médica, mantenha o contato com essa pessoa, assegure-se de ela não terá meios ou ferramentas para realizar a tentativa de suicídio e se concluir que ela está em risco imediato, não a deixe sozinha, mas acione um serviço móvel de emergência”, concluiu.

Preocupação mundial

Um relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou que, em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio, uma em cada 100 mortes.  

Os dados também mostraram que entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta maior causa de morte, atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

Setembro Amarelo

A campanha teve início no Brasil no ao de 2015, instituída pela Lei Estadual 4.777/2015, e tem como objetivo atrair as atenções da população para a prevenção e conscientização sobre o suicídio, bem como evitar o seu acontecimento.

Correio do Estado

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