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Talibãs ordenam decapitação de manequins em lojas de roupas no Afeganistão

Extremistas adotaram a medida em Herat, 3ª maior cidade do país, pois alega que os bonecos de plástico se opõem à sua interpretação da sharia, a lei islâmica, por representarem pessoas.

6 JAN 2022Por Redação/TR11h:32

Os talibãs ordenaram aos vendedores de roupas de Herat, cidade com cerca de 600 mil habitantes e terceira maior cidade do Afeganistão, que cortem as cabeças dos manequins em suas lojas, alegando que os bonecos se opõem à sua interpretação da lei islâmica.

Esta nova diretriz se soma a uma série de medidas já anunciadas pelo Talibã para impor no país sua visão rígida do Islã, que limita as liberdades públicas, em especial para mulheres e meninas.

"Pedimos aos comerciantes que cortem a cabeça dos manequins, porque é contra a lei [islâmica] da 'sharia'", disse à AFP nesta quarta-feira (5) Aziz Rahman, chefe do serviço de Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, em Herat.

Alguns comerciantes tentaram contornar a ordem, cobrindo a cabeça dos manequins, mas essa medida não agradou os talibãs.

"Se se limitarem a cobrir suas cabeças, ou esconderem o manequim, o anjo de Alá não entrará na loja — ou em sua casa — para abençoá-los", afirmou Rahman.

Cabeças de manequins retiradas em loja de Herat, no Afeganistão, por ordem do Talibã — Foto: AFP

Desde terça-feira (4), circula nas redes sociais um vídeo, no qual homens cortam cabeças de manequins femininos de plástico com serras.Vários comerciantes de Herat entrevistados pela AFP expressaram sua indignação.

"Como podem ver, cortamos as cabeças dos manequins na loja", lamenta Basheer Ahmed, reclamando que cada um de seus manequins custou 5 mil afeganis (cerca de R$ 270). "Quando não há modelo, como você vende seus produtos?".

Por enquanto, os talibãs não emitiram nenhuma ordem nacional sobre os manequins, que não têm lugar em sua interpretação estrita da sharia (que proíbe representações humanas).

Quando governaram o país pela primeira vez, entre 1996 e 2001, os talibãs destruíram várias estátuas históricas de Buda por causa dessa interpretação da lei islâmica, em uma ação chocou o mundo (veja na imagem abaixo).

Desde que voltaram ao poder, em agosto, os extremistas prometem ser mais moderados para tentar mudar sua imagem internacional e receber ajuda humanitária. Mas o grupo têm imposto várias restrições, sobretudo contra mulheres.

Na esquerda, foto de 1997 mostra uma das estátuas de Buda, datadas dos séculos II e V, na província de Bamiyan. Eram os maiores monumentos do tipo, com cerca de 53 metros. Na foto da direita, de 2008, o local aparece sem o Buda, destruído em 2001 pelo Talibã. — Foto: Jean Claude-Chapon e Shah Marai/AFP

France Presse - G1

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