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Assad diz que ataque químico foi '100% fabricado'
O presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que a acusação de que seu regime teria feito um ataque químico é “100% fabricado” e serviu de "pretexto" para justificar os ataques americanos contra o exército sírio, em uma entrevista exclusiva concedida à agência France Presse, em Damasco.
"Para nós, trata-se de um evento 100% fabricado", afirmou Assad em sua primeira entrevista após o suposto ataque químico de Khan Sheikhun, na província de Idlib (noroeste), e as represálias americanas.
"Nossa impressão é que o Ocidente, principalmente os Estados Unidos, é cúmplice dos terroristas e que montou essas história para servir de pretexto para o ataque" americano de 7 de abril contra uma base aérea no centro do país, acrescentou Assad.
Assad negou qualquer envolvimento no ataque, argumentando que seu regime não possui armas químicas desde 2013. "Nós não possuímos armas químicas. Há vários anos, em 2013, renunciamos a todo o nosso arsenal e, mesmo que possuíssemos tais armas, nunca usaríamos", ressaltou ele.
Ataque
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), 87 pessoas (entre elas 31 crianças) morreram e cerca de 200 ficaram feridas ou apresentaram problemas respiratórios após o ataque de terça-feira (4) em Khan Sheikhun, no norte da Síria.
Os Estados Unidos atribuem o ataque ao governo sírio e, por isso, resolveu bombardear a base militar síria, de onde teriam partido os mísseis. O bombardeio americano provocou tensão nas relações americanas com a Rússia- principal aliada do regime sírio.
Fotos de ativistas mostram voluntários dos Capacetes Brancos, grupo de socorristas na zona rebelde, no momento em que tentavam ajudar os feridos. Eles jogam água no rosto das pessoas e pelo menos dois homens aparecem com espuma branca ao redor da boca.
Segundo o presidente Vladimir Putin, um ataque do governo sírio atingiu o depósito de armas químicas dos rebeldes, liberando produtos tóxicos.
Cientistas britânicos encontraram indícios de gás sarin ou substância semelhante no ataque, segundo relato feito pelo embaixador da Grã-Bretanha na Organização das Nações Unidas (ONU), Matthew Rycroft, ao Conselho de Segurança da Instituição. "O Reino Unido compartilha, portanto, a avaliação dos EUA de que é altamente provável que o regime seja responsável por um ataque de sarin contra Khan Sheikhoun, em 4 de abril”, declarou.
A Turquia já tinha encontrado indícios da substância na autópsia de corpos vindos de Khan Sheikhun.
Veto russo
O presidente sírio afirmou ainda que deseja uma investigação sobre o que aconteceu em Khan Sheikhun, mas desde que seja "imparcial".
"Vamos trabalhar [com os russos] para uma investigação internacional. Mas deve ser imparcial. Só iremos permitir uma investigação se, e somente se, for imparcial e com a participação de países imparciais para ter a certeza de que não será utilizada para fins políticos", disse ele à AFP.
Na quarta-feira (12), a Rússia vetou o projeto de resolução que pedia uma investigação sobre o ataque químico na Síria, no Conselho de Segurança da ONU.
Fonte: G1