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Paulo Ricardo

Coluna

“Alerta Vermelho” Hospital Regional de Coxim pode fechar as portas

13 FEV 2019Por Paulo Ricardo06h:50

O que era para ser um hospital de referência na região norte do estado de Mato Grosso do Sul, pode fechar as portas em breve.

A falta de gestão profissional está diretamente ligada a crise financeira que o hospital vem passando

De acordo com os dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), nos últimos oito anos, mais de 34,2 mil leitos de internação foram fechados na rede pública de saúde.

Maio de 2010, o País dispunha de 336 mil deles para uso exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS)
Maio de 2018, o número baixou para 301 mil

Uma gestão administrativa, no mínimo eficiente, consegue fazer qualquer hospital atingir suas metas, elevar a qualidade dos serviços de saúde e, consequentemente, equilibrar suas despesas com a receitas. Entretanto, não é o que estamos vendo acontecer no Hospital Regional de Coxim (HRC).

Acredito que os administradores da Saúde de Coxim precisam urgentemente ler o livro “A Arte da Guerra de Sun Tzu” para aprender mais sobre planejamento, estratégia e liderança.

O objetivo da leitura desse livro é aperfeiçoar os conhecimentos práticos dos profissionais sobre: disciplina, tática, comando, lealdade, gerenciamento de recursos, noções geográficas e, principalmente, contornar o iminente fechamento do HRC.

Dos inúmeros ensinamentos de Sun Tzu, destaco dois:

"No meio do caos há sempre uma oportunidade"

“Concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre as oportunidades e proteja-se contra as ameaças”

Qualquer administrador hospitalar sabe que a melhor forma de se preparar para uma crise é criar um planejamento estratégico, antes mesmo que ela ocorra. Infelizmente, a crise no HRC já está instaurada e o caos assombra os usuários do SUS na região Norte.

Planejar estrategicamente significa compatibilizar as oportunidades oferecidas pelo ambiente externo às condições internas, favoráveis ou não, da instituição, de modo a satisfazer seus objetivos futuros, que no caso do HRC é sair do “Alerta Vermelho”.

Para alcançar bons resultados, o planejamento deve considerar diversos fatores, tais como:

- A situação atual da instituição;
- As metas a serem atingidas;
- As necessidades da instituição para os próximos anos;
- Os objetivos a curto e médio prazo;
- Os profissionais envolvidos na mudança; e
- Os recursos financeiros disponíveis.

O uso de algumas ferramentas da qualidade (PDCA, análise SWOT, 5W2H, ...) podem contribuir significativamente com a diminuição das despesas e dos custos operacionais, e concomitantemente, recuperar a saúde administrativa e financeira do HRC.

Outro problema sério, são as falhas na comunicação, entre a instituição e os stakeholders (os interessados), que podem trazer lentidão ou prejuízo para o fluxo dos processos no hospital.  

Informações desencontradas e imprecisas deixam evidente que as equipes e os interessados carecem de orientação ou não foram preparadas para atuar adequadamente nas funções que exercem

É importante salientar que não é só o ambiente de trabalho seja propício à comunicação, mas que as equipes atuem de forma integrada, respeitando e seguindo padrões para garantir a uniformidade dos processos e protocolos.

Quando não há padrões sólidos estabelecidos, as tarefas acabam sendo executadas de maneira diferente por cada profissional, isso alimenta uma organização caótica que demanda um grande esforço, mesmo quando se trata de realizar ações simples como encontrar os prontuários, orientar os pacientes ou responder sobre a real situação do hospital para os vereadores de Coxim.

Apresentar transparência sobre a situação administrativa e financeira do HRC é essencial para garantir a confiança entre o Executivo, o Legislativo e o Povo, mas sempre com a supervisão do poder Judiciário, a fim de permitir a manutenção e a continuidade da Saúde para Coxim e toda a região Norte.

Administrador Hospitalar

Dentre suas atribuições, estão:

- Planejar e coordenar o setor de Recursos Humanos, aplicando rotinas de trabalho, funções e, acima de tudo, estabelecer políticas de contratações que visem o bem-estar do paciente;
- Coordenar a parte administrativa e contábil junto dos profissionais dessa área, a fim de entender o planejamento orçamentário e prever as receitas e despesas dos departamentos;
- Implantar controles do uso efetivo dos recursos físicos e financeiros da instituição;
- Deve estar sempre atento ao desempenho dos funcionários e equipamentos.

Um dos principais erros em uma administração hospitalar é a falta de cuidado com a etapa do planejamento

Muitos gestores acabam não se lembrando de elaborar um planejamento que contenha todas as especificações da organização. É fundamental envolver todas as áreas do hospital, desde questões de logística até a parte de atendimento.

Com as estratégias bem elaboradas, os profissionais diminuem as margens de erros

Conheça um pouco da história do HRC e as CPI's, desde sua inauguração oficial:

Hospital Regional de Coxim

No dia 21 de novembro de 2009, após ficar parado 7 anos, o Hospital Regional Dr. Álvaro Fontoura Silva, foi inaugurado.

A unidade era para ser referência no atendimento de 76,5 mil habitantes da região, além de Coxim, as cidades de Rio Verde do Mato Grosso, Pedro Gomes, Alcinópolis e Sonora.

Segundo a assessoria da Secretaria Estadual de Saúde, a obra que ficou sete anos parada, chegou a ser inaugurada em 27 de dezembro de 2006, pelo então governador Zeca do PT, "Mas nunca funcionou".

O valor do investimento para construir o hospital ficou em R$ 12,6 milhões

Em 2008 a obra foi retomada pela gestão de André Puccinelli. Para finalizá-la, o governador revogou, em 2007, o contrato com a empresa responsável pela obra e abriu uma nova licitação para concluir o hospital.

Até então, já tinham sido investidos aproximadamente R$ 9 milhões. Em visita a Coxim, em janeiro de 2008, Puccinelli autorizou a continuidade das obras. Para a unidade hospitalar atender a população foi necessário investir mais cerca de R$ 3,7 milhões.

Em relação aos equipamentos foram investidos R$ 2,3 milhões, por meio de convênio com o Ministério da Saúde. O governo do Estado também já investiu R$ 400 mil de recursos próprios e assegurou um repasse financeiro mensal para auxiliar o custeio.

A entrega do prédio, já em funcionamento, aconteceu no dia 21 de novembro de 2009, com a presença da prefeita de Coxim Dinalva Mourão, do governador André Puccinelli e do deputado estadual Júnior Mochi, assim como, os vereadores de Coxim e demais autoridades.

Na época da inauguração, o diretor-presidente da Fundação era Rogério Márcio Alves Souto

Para que o hospital já entrasse em funcionamento no mês de novembro de 2009, a Fundação Estatal de Saúde do Pantanal (FESP) realizou no mês de outubro uma seleção simplificada e treinamento das equipes de limpeza, lavanderia, enfermagem, fisioterapia, nutrição, farmácia e emergência.

Foi realizada ainda uma higienização de todo o prédio e instalação dos equipamentos.

CPI da Saúde em MS

No dia 1º de julho de 2013, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul promoveu uma reunião na Câmara de Vereadores de Coxim. A reunião foi marcada para as 14h (horário de MS).

A CPI da Saúde investigava irregularidades na aplicação de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) em hospitais de Coxim, Corumbá, Paranaíba, Dourados, Três Lagoas, Jardim, Aquidauana, Nova Andradina, Ponta Porã, Naviraí e Campo Grande (Santa Casa e Hospital Regional).

Os deputados da CPI ouviram, na época, o ex-diretor do Hospital Regional de Coxim, Marcelo César de Arruda Ferreira; os ex-presidentes do Conselho Municipal de Saúde, Franciel Oliveira e Eliza Magali Nantes Vieira; e os ex-secretários municipais de Saúde Pública, Mário Nakada, Gilberto Portela Lima e Rogério Márcio Alves Souto.

Hemodiálise em Coxim

No dia 11 de abril de 2016, o governador Reinaldo Azambuja inaugurou no Hospital Regional de Coxim Dr. Álvaro Fontoura Silva, a unidade de serviço de hemodiálise.

Com um investimento de aproximadamente R$ 1,5 milhão na unidade, o hospital foi equipado com 18 máquinas novas. Com o novo setor, 43 pacientes da região, sendo 21 de Coxim foram beneficiados com o atendimento, evitando assim o deslocamento de três vezes por semana para Campo Grande.

“Alerta Vermelho”

Nos últimos 6 anos da gestão do prefeito Aluizio São José (PSB), o Hospital Regional de Coxim Dr. Álvaro Fontoura Silva, de natureza jurídica municipal, vem aumentando seu endividamento.

O prefeito, o secretário de Saúde e os demais dirigentes do HRC tentam justificar nos discursos de palanque, que as dívidas são por causa da crise financeira nacional, a falta de repasses do governo estadual e de alguns municípios que fazem parte da região Norte; pois jamais vão admitir que é pela má administração do hospital.

Mesmo que alguns dirigentes tenham colocados seus cargos à disposição, continuam firmes e fortes, sem honrar os compromissos com fornecedores, funcionários, médicos, entre outros

Segundo a nova moda paliativa – tipo apagar incêndio com extintor – é viabilizar junto aos deputados federais e senadores emendas parlamentares para beneficiar a saúde do município, principalmente, no pagamento de salários.

Mas, apesar dos aportes financeiros expressivos do Estado, deputados, senadores, além do repasse dos recursos contratualizados do SUS, a situação não resolve tão fácil, pois, o HRC é um ‘saco sem fundo’.

A solução só vai acontecer quando um novo administrador assumir com carta branca o hospital, a fim de carimbar a palavra ‘ordem e progresso’.

CPI no HRC

Na sessão da Câmara Municipal de Coxim, realizada no dia 27 de novembro de 2018, foi apresentado e lido o Requerimento, protocolo nº 296/2018 com data do dia (26), de autoria dos vereadores Careca da Iluminação, Sinval Batista e Lucia da AAVC, requerendo a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar supostas irregularidades nas contas do Hospital Regional de Coxim, inclusive com realização de auditoria fiscal.

Dos 13 vereadores apenas 3 assinaram o Requerimento

Para que fosse oficialmente instaurada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) eram necessárias quatro assinaturas, ou seja, um terço dos parlamentares da Casa Legislativa.

Conforme consta no Requerimento, a abertura de uma CPI no Hospital Regional de Coxim foi justificada pelos 3 parlamentares nos seguintes termos:

"Tornou-se público e notório os atrasos nos pagamentos de funcionários e prestadores de serviços do Hospital Regional de Coxim. O crescente grau de endividamento da referida instituição causa preocupação, e é sem sombra de dúvida motivo suficiente para que esta Casa de Leis tome posicionamento a respeito do equilíbrio fiscal e financeiro das contas do Hospital Regional. Cremos que somente por meio de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, pode-se conhecer a real dimensão dos problemas e a partir daí apresentar soluções".

Na sessão da plenária do dia 12 de fevereiro de 2019, passados 77 dias do requerimento apresentado para abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com a finalidade de investigar as supostas irregularidades nas contas do Hospital Regional de Coxim, nada de prático aconteceu, ou seja, todos os vereadores sabem dos problemas do HRC, mas até o momento, nenhum vereador aceitou ser a quarta assinatura para abrir a CPI.

Os nobres parlamentares esquecem, que apenas falar na plenária dos problemas do HRC, não resolve nada!!!

Uma solução são 4 assinaturas em um requerimento solicitando a CPI
ou
 A troca imediata dos administradores do hospital

Observação: Só não pode ser uma troca ‘seis por meia dúzia’, pois aí, vai continuar em “Alerta Vermelho”.

Saiba Mais

Colunista mostra a triste realidade que passa o Hospital Regional de Coxim nos últimos anos