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Rio Coxim guarda aventura histórica que te leva para 300 anos atrás

Garimpeiros, pescadores e piloteiros se conectam às Rotas Monçoeiras do século XVIII

21 FEV 2024Por Redação/EC11h:57

Durante onze meses, Silas Ismael e Cid Nogueira se envolveram com as narrativas que continuam navegando pelo Rio Coxim há 300 anos para criar um documentário sobre as históricas Rotas Monçoeiras. Passando por seis cidades, os produtores mostraram como garimpeiros, pescadores, piloteiros e pesquisadores se conectam às reflexões sobre Mato Grosso do Sul e o Brasil.

Instigado pelo turismólogo e monçoeiro Ariel Albrecht, Silas conta que tudo começou quando conheceu Coxim. “Conheci a trabalho por ser uma cidade turística, definida como a capital da pesca e portal do Pantanal, que me trouxe grandes amigos incluindo Ariel. Por ele ter muito domínio sobre o assunto, incentivou a construirmos um projeto para este documentário audiovisual longametragem”.

Seguindo para a história contada no documentário, o próprio Ariel Albrecht ao lado do professor e pesquisador Marcos de Amorim e o ambientalista José Francisco de Paula, contextualizam o que foram as Monções. Enquanto isso, os trabalhadores remanescentes das margens do Rio Coxim também integram a narrativa sobre como ainda sobrevivem no rio cênico.

Para voltar 300 anos na história, Ariel lidera a Expedição Fluvial Rio Cênico Rotas Monçoeiras, feita em uma unidade de conservação dentro do Rio Coxim. Inicialmente, relata sobre como as cidades de Rio Verde, São Gabriel do Oeste e Coxim são separadas pelas águas.

“Coxim, Taquari e Rio Paraná eram o limite da possessão espanhola”, relata, explicando que antes dos homens brancos chegarem, os povos Kayapós, Guaicuru e Bororos é que dominavam o espaço. 

Conforme o tempo passou, começaram a ser dizimados e tiveram suas tecnologias com o desenvolvimento de canoas e conhecimento dos rios roubados. Especificamente sobre as Monções, o movimento começou quando em meados de 1718 foi descoberto ouro em Cuiabá.

“Por que Monções? Os portugueses já vinham da Ásia, já dominavam a Índia e, lá, os ventos de monções, as chuvas de monções propiciavam a navegação. Quando chegaram em São Paulo houve essa movimentação, ‘olha, para se chegar a Cuiabá tem um período que é mais propício, que é o período de cheias em algumas áreas e secas em outras’. Então, se pegou o nome Monção”, explica José Francisco.

Situando geograficamente, Marcos de Amorim detalha que a referência mais antiga é a região do Pontal, em que há a convergência entre os rios Taquari, Coxim, Jauru e Taquari-Mirim. “Quando nós estudamos sobre as canoas que eram utilizadas, eram canoas de uma madeira só, de até 15 metros, segundo Taunay. Canoas que utilizavam uma técnica indígena, feitas queimadas a fogo e que podiam suportar as cachoeiras da região”.

E, usando dessas tecnologias, os viajantes começaram a sair de São Paulo para ir até Cuiabá em busca do ouro. “A viagem durava de 3 a 6 meses. Um detalhe é que na entrada do Rio Pardo, eles tinham a Árvore Grande e as pessoas escreviam cartas. O pessoal que estava voltando, pegava essa mensagem e levava de volta. Isso se tornou o correio das Monções”, explica Ariel.

Lidando com as correntezas e dificuldades da viagem, os monçoeiros permaneceram nesse trajeto até meados de 1815 com expedições militares. Com o passar do tempo, a rota começou a ser feita apenas por terra e o rio permaneceu como cenário. 

Hoje, são ribeirinhos e pesquisadores que continuam levando a história no rio. No documentário, Silas e Cid Nogueira registraram como os modos de pilotar, a forma do antigo garimpo e a pescaria ainda perpetuam as heranças deixadas com a criação das cidades no entorno das Monções.

Ao serem aprovados pelo Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul, o projeto começou a ser desenvolvido em 2022. Na jornada, as cidades visitadas foram Coxim, Jauru, Rio Verde de Mato Grosso, Camapuã, São Gabriel do Oeste e Campo Grande. “Incluindo lugares históricos onde passaram as expedições Monçoeiras, para poder documentar a dificuldade que tiveram naquela época, incluindo lugares de difícil acesso com rios, corredeiras, cachoeiras e as histórias de seu povo”, diz Silas.

Completando, ele diz que a parte mais difícil foi lidar com o clima, já que vários dias chuvosos integraram o roteiro. 

CGNews

 
  • Ribeirinhos continuam mantendo a história da região. Foto: Reprodução/Silas Ismael
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