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Tecnologia

Jovem devoradora de planetas

19 JUL 2018Por Redação/TR16h:14

Um mistério de mais de 80 anos parece ter sido desvendado. A estrela RW Aur A está a uma distância de 450 anos luz no complexo de formação de estrelas conhecido como Nuvem de Taurus-Auriga. Essa é uma região de formação de estrelas de pouca massa, estrelas como o Sol, bem conhecida dos astrônomos. Desde 1937, a estrela RW Aur A é observada frequentemente e o que vemos dela é um comportamento estranho, de tempos em tempos o brilho dela diminui para logo em seguida voltar ao seu brilho usual.

Várias hipóteses foram levantadas para explicar esse fenômeno durante esse tempo todo, mas sem nenhuma conclusão definitiva. Sabemos que essa região forma estrelas de pouca massa e que RW Aur A é uma estrela bem jovem. Isso significa que uma fração considerável das estrelas da Nuvem de Taurus-Auriga, talvez quase todas, ainda conserva seu disco circunstelar e em vários casos esse disco já evoluiu para um disco protoplanetário. Em outras palavras, uma grande parte das estrelas do complexo deve estar formando planetas.

Esse deve ser o caso de RW Aur A.

A frequente variabilidade da estrela deve ter sua causa na presença de um disco protoplanetário e, mais ainda, com a presença dos ‘planetesimais’, como são chamados os pequenos fragmentos que vão se aglutinando para formar um planeta. Esses planetesimais, quando se amontoam no espaço, podem bloquear a luz da estrela temporariamente, o que explica bem as quedas observadas no brilho dela.

Mas ao que parece, RW Aur A tem um apetite voraz.

Tentando encontrar uma explicação definitiva, uma equipe de astrônomos do Instituto de Astrofísica e Pesquisa Espacial do MIT, liderada por Hanz Moritz, passou a monitorar a estrela com o telescópio espacial Chandra. O Chandra opera em raios-X, observando em comprimentos de onda bem pequenos. Os raios-X são produzidos nas camadas mais externas das estrelas, fora delas na verdade, diferente da luz visível que irradia da ‘superfície’ da estrela, uma camada chamada de fotosfera. Monitorando a emissão em raios-X e luz visível podemos ter um panorama de diferentes camadas da estrela.

Usando os dados do Chandra, Moritz e seus colegas perceberam que a origem dos apagões de RW Aur A vinham bem de fora, ou seja, do material orbitando a estrela. No artigo publicado pela equipe na revista Astronomical Journal, uma grande colisão entre planetesimais deve ter espalhado material ao redor da estrela. Esse material é o responsável pelo obscurecimento da estrela. Logo em seguida a esse evento catastrófico, o material foi engolido pela estrela, se tornado um gás muito quente no trajeto.

Simulações em computador mostram que esse tipo de evento é esperado em estrelas formando planetas, ou seja, esse deve ser um acontecimento típico em estrelas de baixa massa. Inclusive, existem vários astrônomos medindo a composição química de estrelas já formadas para justamente saber se elas podem ter sido ‘contaminadas’ quando engoliram os planetesimais que estavam ao seu redor.

Um fato que fortalece essa hipótese é que as medidas em raios-X permitiram também obter a composição química do material engolido. Moritz e sua equipe descobriram que ele tinha altas concentrações de ferro, tal qual um planeta rochoso como a Terra teria. Ao que tudo indica, estamos assistindo uma estrela jovem, ainda no início de sua vida, mas já com um grande apetite, devorando planetas.

Fonte: G1 - Cassio Barbosa

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