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Insatisfeitos com reeleição de Maduro, venezuelanos em RR relatam falta de perspectiva: 'desacreditados'

Em votação marcada por abstenção e denúncias de fraude, Maduro foi reeleito no domingo (20) para mandato de mais 6 anos. 'Viver nas ruas do Brasil é melhor do que ficar na minha casa na Venezuela', diz imigrante recém-chegado a Roraima.

21 MAI 2018Por Redação/TR16h:55

A reeleição de Nicolás Maduro no domingo (20) gerou insatisfação entre venezuelanos que imigraram para Roraima em razão da crise no país natal. Imigrantes ouvidos pelo G1 relataram falta de perspectiva e desesperança com o cenário político na Venezuela.

As eleições venezuelanas foram marcadas por denúncias de fraude, tentativa de boicote da oposição, abstenção de 54% e falta de reconhecimento por grande parte da comunidade internacional - incluindo o Brasil. Com o resultado do pleito, Maduro deve ficar no poder por mais seis anos.

Há 20 dias no Brasil, Julio Fuentes, de 29 anos, dorme na rua em Boa Vista e trabalha como sucateiro. Ele saiu de El Tigre, no Sul da Venezuela, e chegou ao país de carona e a pé, porque não tinha dinheiro para passagens de ônibus ou táxi. Agora, diz que só pensa em juntar dinheiro para trazer toda a família para o Brasil.

“Com Maduro no poder não temos perspectivas nenhuma. Quero um futuro para minha família e meus filhos. Viver nas ruas do Brasil é melhor do que ficar na minha própria casa lá na Venezuela", relatou Julio Fuentes.

Durante a votação de domingo, imigrantes protestaram em Roraima contra o pleito exigindo direito ao voto. O estado teve um único posto de votação na capital, onde, segundo os imigrantes, só puderam votar aqueles que têm residência fixa no Brasil e se inscreveram no consulado.

Jorge Alcantra, de 29 anos, também ficou insatisfeito com o resultado das eleições. Na Venezuela ele deixou os pais, irmãos e sobrinhos.

“Quero trazer todos meus familiares para o Brasil, mas não agora. Por enquanto eu quero trabalhar e mandar dinheiro pra eles. Sou a única pessoa fora do país que pode ajudá-los. Sou a única esperança”, lamentou.

Há quatro meses em Roraima e vivendo no abrigo público Latife Salomão, Beatriz Millan, de 37 anos, voltou a Venezuela há poucos dias para buscar o namorado. Ela disse que a situação do país é cada vez pior.

"Em 3 meses a situação piorou, as coisas estão mais caras e o salário não dá pra comer. [...] Faltam medicamentos e muitas crianças estão morrendo de fome. Muitos recorrem ao lixo para se alimentar", resumiu Beatriz que vivia em Puerto La Cruz.

Para ela, o resultado da eleição não é confiável e gera um sentimento de descrença.

"Maduro diz que vai fazer uma Venezuela melhor, mas não acreditamos. Estamos desacreditados no governo, desacreditados na eleição e desacreditados que Maduro possa melhorar a Venezuela".

Jorge, Júlio e Beatriz fazem parte do crescente número de venezuelanos que deixam o país pela fronteira com o Brasil por Roraima. A ONU estima que 800 fazem este caminho todos os dias para fugir da crise econômica e política vivida no regime de Maduro.

Foi essa fronteira que ficou fechada para veículos e pedestres de sexta (18) até às 6h desta segunda por ordem presidencial em razão das eleições. A medida fez com que venezeuelanos procurasssem rotas clandestinas para comprar comida e remédios no Brasil.

Fonte: G1 - Alan Chaves e Emily Costa, G1 RR

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