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Saúde

"Doença do gato" tem surto e tutores precisam ficar atentos

Existe tratamento para a enfermidade, mas só na rede privada; pelo serviço público, destino é a eutanásia

10 NOV 2023Por Redação/EC08h:45

Sem nunca registrar casos nativos de “doença do gato”, denominada esporotricose, Campo Grande já tem três confirmações em dois bairros: Danúbio Azul (2) e Aero Rancho (1). 

A situação foi confirmada pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) que informou ainda que o único registro na cidade foi em 2021, mas em animal vindo de Corumbá, onde a enfermidade é considerada endêmica para os felinos.

Tais casos preocupam porque coloca em risco a vida dos animais e é de difícil tratamento, com necessidade de isolamento e meses e até anos de acompanhamento e medicação. 

Em casos de animais com a doença que não tenham tutor, ou sejam transeuntes ou “de rua”, deve ser feito recolhimento até o serviço de controle de zoonoses, o CCZ em Campo Grande, onde o animal deverá ser sacrificado. O sistema público de saúde não oferece tratamento para esta doença em animais.

Estudo nacional sobre a doença, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (Universidade de São Paulo), orienta que “animais doentes não devem ser abandonados, pois darão origem a novos focos da doença para outros animais”, e também em seres humanos, já que o fungo Sporothrix, das espécies schenckii e brasiliensis, podem se manifestar em pessoas.

O mesmo estudo sustenta que “quando da morte do animal com esporotricose é essencial que o corpo seja cremado, e não enterrado, porque o fungo se mantém no ambiente, continuando o ciclo de transmissão”. 

Conforme a Sesau, o fungo Sporothrix está presente principalmente na terra, sendo muito comum que ele provoque infecções em pessoas que trabalham com jardinagem sem a devida proteção, e em felinos que têm acesso à rua e, “por seu instinto territorialista, se envolvem em brigas com outros animais que podem estar contaminados”.

A nota da secretaria enfatiza ainda que “a esporotricose é uma infecção que tem tratamento, facilmente evoluindo para a cura, tanto nos animais quanto em humanos, não sendo considerada grave” e que “equipes da Coordenadoria de Controle de Zoonoses já estão realizando ações de bloqueio assim que os casos são notificados, realizando coletas, quando julgado necessário, nos animais que apresentem lesões suspeitas”.

E essa é a única medida do serviço público nesses casos. Se o animal tiver tutor, o serviço privado realiza tratamento, mas não sai por menos de R$ 500 ao mês, em casos mais graves. Se o quadro for considerado leve, o valor cai para cerca de R$ 60,00.

A médica Beatriz Candolo, veterinária especializada em medicina felina explica que em regiões endêmicas, o serviço público até oferece tratamento, como no Rio de Janeiro, mas “utilizam medicação genérica e infelizmente, já tem algumas cepas do fungo super resistentes, que não respondem à medicação genérica”, informa.

Segundo ela, como o tratamento varia de meses a anos, conforme a gravidade, o tipo de sintomas e  o tempo de início da doença e por isso, os animais para serem curados “muitas vezes precisam de algumas marcas específicas do antifúngico, que são muito mais caras, ou ainda, medicações associadas e tudo vai encarecendo, né?”. 

Nota nacional - Em maio deste ano o Ministério da Saúde emitiu nota de alerta para o aumento de casos no Brasil que, segundo especialistas, parecem estar descontrolados. A nota técnica enfatiza que existe tratamento, mas ele não é disponibilizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e a mesma nota sustenta que em caso de animais de rua que sejam recolhidos ou entregues ao serviço público, a saída é a eutanásia. 

O comunicado lembra que a mesma doença afeta os cães e os humanos, que têm os mesmos sintomas dos gatos, com lesões na pele e úlceras. O melhor meio de prevenir a doença é mantendo a guarda responsável do animal e impedir o acesso à rua e a outros animais.

Para o ministério, “a esporotricose é uma doença zoonótica emergente em franca expansão, que já atinge ampla distribuição no território brasileiro, tornando-se um grave problema de saúde pública”.

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