“Altos índices de violência contra a mulher chocam a gente” diz juíza Jacqueline Machado

Em alusão à 2ª Caminhada pela Paz – Mulher Brasileira – Todos emPENHAdos contra a violência, o Programa Capital Meio Dia, com Joel Silva, realizou durante toda a semana entrevistas com autoridades que lidam diretamente com a violência contra a mulher. A entrevistada de hoje (28), dia da caminhada, foi a juíza da 3ª Vara da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, Jacqueline Machado.

Além de ressaltar o convite para a caminhada, Jacqueline falou sobre dados alarmantes no Brasil no quesito violência contra a mulher. “Segundo estimativa da ONU (Organização das Nações Unidas), em 2013 o Brasil gastou 10% do seu PIB (Produto Interno Bruto) com toda essa questão que envolve violência contra a mulher. É um dado alarmante. É um custo muito alto, fora os problemas psicológicos e emocionais dessas mulheres” disse a juíza.

Além disso, no Brasil uma mulher morre a cada 90 minutos em função desse tipo de violência. Uma pesquisa do Instituto Data Folha, divulgada no mês de março, mostra que uma a cada três mulheres sofreram algum tipo de violência no último ano e que 22% das brasileiras sofreram ofensa verbal, representando um total de 12 milhões de mulheres. 10% das mulheres sofreram ameaça de violência física, 8% sofreram ofensa sexual, 4% receberam ameaça com faca ou arma de fogo, bem como, 1,4 milhões de mulheres sofreram espancamento ou tentativa de estrangulamento e 1% levou pelo menos um tiro. A pesquisa mostrou também que, entre as mulheres que sofreram violência, 52% se calaram, sendo que apenas 11% procuraram uma Delegacia da Mulher e 13% preferiram o auxílio da família.

Diante desse quadro, o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, por intermédio da Coordenadoria Estadual da Mulher em situação de Violência Doméstica, desenvolveu a campanha Mulher Brasileira em 1º lugar, projeto inédito no Brasil, que objetiva reforçar as estratégias no combate e prevenção à violência doméstica e familiar contra as mulheres, através de ações e projetos que sensibilizem a sociedade para uma necessária construção de uma cultura de paz, igualdade de gênero e empoderamento das mulheres.

“Pensamos que os projetos do TJ não poderiam ser algo só no mês de março, ou no dia 8 de março (Dia Internacional da Mulher). Nós precisamos de um planejamento para o ano inteiro de ações que realmente promovam uma prevenção desse tipo de crime contra a mulher. Mulheres ainda passam por isso devido à nossa condição cultural, daí a necessidade dessas campanhas que estamos fazendo para dar visibilidade para esta causa, para dizer que temos que mudar nosso padrão de comportamento e de cultura” explicou Jacqueline.

A juíza também ressaltou a importância da denúncia e tratamento por parte das mulheres que sofrem qualquer tipo de violência e, para ajudar essas mulheres, Campo Grande conta com a Casa da Mulher Brasileira aonde estão situados a 3ª Vara da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher,  a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), um setor psicossocial, a Defensoria Pública da Mulher, o Ministério Público e a Funsat

A Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande está localizada na Rua Brasília, 177 – Jardim Imá, em frente ao Aeroporto Internacional. O telefone da Casa é 3304-7559 ou 180.

Fonte: Aline Bazano