Desafio que levou à morte da criança
TikTok faz alerta sobre desafios após morte de Sarah Raíssa: 'Pare, pense e aja'
Menina de 8 anos morreu após participar do "desafio do desodorante". O vídeo visto por ela estava hospedado na rede social Kwai
Após a comoção nacional pela morte da menina Sarah Raíssa Pereira de Castro, 8 anos, o aplicativo TikTok começou a apresentar aos seus usuários orientações de segurança. Embora a garota tenha assistido ao "desafio do desodorante" na rede Kwai, o TikTok passou a enviar mensagens de alertas quando palavras-chaves são digitadas no campo de busca.
Uma delas diz: "Saiba como reconhecer desafios perigosos para poder proteger a tua saúde e bem-estar". Na sequência, outro recado ensina como reconhecer situações de risco na internet: "Pare, pense, decida e aja". A frase é seguida de um tutorial.
Como mostrou o Metrópoles, a rede social que hospedava o perfil do criador do "desafio do desodorante", o Kwai, deve ser oficiado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para repassar os dados do responsável pelo conteúdo.
A trend que circulou em aplicativos de vídeos curtos levou Sarah Raíssa a inalar gás de desodorante aerossol. A menina teve morte cerebral no dia 13 de abril.
O delegado-chefe da 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia centro), João Ataliba Neto, afirma que o responsável pela publicação do desafio poderá responder pelo crime de homicídio duplamente qualificado (por meio que pode causar perigo comum e por ter sido praticado contra menor de 14 anos de idade), cuja pena pode alcançar os 30 anos de prisão.
"O celular da criança foi apreendido, e o laudo pericial demora cerca de 30 dias para ficar pronto. Assim que tivermos essa prova técnica, poderemos avançar nas investigações", completou o delegado-adjunto da 15ª DP, Walber Lima.
"Se ficar comprovado que ela acessou isso, a rede social por meio da qual ela assistiu ao vídeo também será oficiada, para que consigamos mais informações acerca do criador das imagens", disse Walber.
O que aconteceu - Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Sarah Raíssa Pereira de Castro deu entrada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) em 10 de abril, após ter inalado gás de desodorante.
A menina foi influenciada por uma trend algo que se tornou popular em um aplicativo de vídeos curtos.
Sarah teve uma parada cardiorrespiratória, mas foi reanimada após uma hora de tentativas por parte dos médicos. Ela, no entanto, não respondeu mais a estímulos e teve constatada a morte cerebral no dia 13 de abril.
Agora, a PCDF investiga como a criança teve acesso ao referido desafio. O caso é apurado pela 15ª DP (Ceilândia Centro).
O laudo de local também deve determinar a dinâmica de como a criança teria inalado o produto. "A versão do avô foi bastante semelhante à da mãe da criança no sentido de apontar que os parentes não teriam percebido comportamento anormal em Sarah nos dias mais recentes", completou o delegado.
Pai quer justiça - Ainda em busca de justiça, o pai de Sarah, Cássio Maurilio, posicionou-se a favor de uma regulamentação para as redes sociais que atuam no país.
Em entrevista ao Metrópoles no dia 15 de abril, Cássio Maurilio defendeu que, além de uma supervisão dos pais, é preciso que as plataformas tenham responsabilidade sobre o que circula dentro delas. "Elas [plataformas] têm que ter responsabilidade sobre o tipo de vídeo que elas estão transmitindo e para qual tipo de público. Porque, hoje em dia, toda criança tem um celular, o mundo está conectado, está muito fácil o acesso", disse.
Um dia antes, no enterro da filha, Cássio já havia dito à imprensa que pretende processar o aplicativo acessado por Sarah e também a marca do desodorante que ela inalou. Para ele, o app e a empresa do produto "são igualmente responsáveis pela morte" da menina.
"A plataforma não cria mecanismos para impedir conteúdos perigosos publicados [na rede]. [] A empresa do desodorante, por sua vez, não fala sobre o risco de morte caso o produto seja inalado. Todo material que oferece risco iminente de morte tem que ter [isso] escrito. Os antitranspirantes que eu olhei não têm [informações] sobre o risco", disse.
Metrópoles/TopMídiaNews