Polícia
Pai suspeito de obrigar filhas adolescentes a gravarem conteúdo sexual é preso
O homem de 63 anos suspeito de obrigar a própria filha e a irmã dela foi preso na tarde desta quarta-feira (27) em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba.
Ele era considerado foragido desde a última quinta-feira (21), quando a companheira dele, madrasta de uma das vítimas, foi presa. No mesmo dia, outra mulher, que tinha ligação com números de telefone usados para solicitar e divulgar as imagens das adolescentes, também foi presa.
Segundo a polícia, as adolescentes têm 14 e 16 anos. As investigações começaram depois que a mãe delas descobriu que elas eram ameaçadas pelo suspeito para produzir os conteúdos. Além disso, ele usava linguagem de "seita" para coagir as vítimas, conforme o delegado, Gabriel Fontana.
As investigações apontaram que, em outubro de 2024, durante um passeio em um parque de Curitiba, o pai vendou as adolescentes e as levou para a casa dele. Com ajuda da atual esposa, ele gravou os primeiros vídeos de conteúdo sexual das vítimas.
Depois de um tempo, as ameaças se intensificaram.
"A partir disso, as vítimas passaram a ser sistematicamente coagidas pelos investigados a produzirem vídeos de cunho pornográfico entre si e com terceiros, sob a imposição de uma meta diária de produção", detalha o delegado.
O nome dos envolvidos não foi divulgado a fim de proteger a identidade das vítimas.
O advogado que representa o homem afirmou que ele se apresentou espontaneamente na delegacia e deve confessar o que de fato aconteceu.
Conversas em tons de "seita"
As conversas obtidas com exclusividade pela RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, expõem como os suspeitos faziam cobranças constantes, utilizando mensagens com tons de misticismo e ameaças para garantir o envio dos conteúdos diariamente até as 22h.
Em alguns trechos, os suspeitos determinavam que as meninas tinham apenas uma hora para concluir o "acordo diário".
"Por favor, não hesite em errar de novo, ou novamente para que se apaguem todas as suas oportunidades, ok? Seja esperta e não faça por errar para que tenhas que ser punida sem chance de volta [...] Você tem apenas uma hora a partir de agora para concluir seu acordo diário, ok? Não perca tempo e mais esta oportunidade de redenção", escreveram.
Segundo Fontana, em uma ocasião, a falta de cumprimento da meta diária imposta às jovens resultou na efetiva divulgação dos vídeos nas redes sociais.
Mãe denunciou o crime
O caso foi denunciado em fevereiro deste ano, quando a mãe das vítimas recebeu ameaças de divulgação de vídeos de conteúdo sexual das filhas. As mensagens eram enviadas pelo suspeito.
Além do pai, a madrasta e outra mulher são suspeitas de participarem das ameaças e se revezarem no envio das mensagens às adolescentes, conforme a polícia.
Agora, a mãe relata que a filha mais velha não quer mais ir à escola por conta da exposição e do bullying.
"Elas já são bem traumatizadas em relação a essas coisas. A mais velha estava trabalhando e foi mandada embora. Foram coisas muito impactantes, né? [...] Acabou com a vida delas", explicou.
Durante as investigações, os policiais apreenderam celulares e computadores e encontraram provas de conversas entre o pai e a madrasta, além de registros de números de telefone com DDD do Amazonas.
A polícia trabalha com a hipótese de que o material produzido era comercializado em redes criminosas especializadas nesse tipo de conteúdo.
Como denunciar exploração sexual de adolescentes?
O Disque 100 é o principal canal de denúncias contra abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
Se o crime está acontecendo no momento ou aconteceu há pouco, a vítima deve acionar a Polícia Militar pelo telefone 190 ou comparecer a uma Delegacia da Polícia Civil.
Também é possível fazer denúncias de forma anônima por meio do Disque-Denúncia, no telefone 181, ou pela internet.
g1