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De "bom pai" a agressor: mãe descobre abuso sexual da filha após 7 anos casada

Mulher confiava no companheiro, mas a mudança no comportamento da criança expôs o crime e resultou na prisão

25 SET 2025Por Redação/VS 20h:55

"Meu amor por ele acabou na hora. Eu disse para mim mesma que iria proteger minha filha até o fim".

As palavras são de uma mãe que viveu o pior pesadelo de qualquer mulher nessa posição. Casada havia sete anos com um homem descrito como "bom pai e marido", uma auxiliar de produção de 43 anos descobriu que o companheiro abusava sexualmente da própria filha, de apenas 4 anos de idade. O crime veio à tona entre a noite do dia 10 e a madrugada do dia 11 de setembro e terminou com a prisão em flagrante do suspeito, agora com pedido de prisão preventiva em Campo Grande.

A mulher confiava plenamente no companheiro, com quem teve uma filha. "Ele nunca foi um pai violento com ela, nunca bateu nem nela nem no meu filho. Sempre foi carinhoso, sempre presente nos aniversários, na escola, em tudo", relata. Por isso, diz que jamais desconfiou de que a filha pudesse estar em risco.

Sinais de alerta na filha - Nos últimos meses, a menina começou a mudar de comportamento. "Do nada ela começou a ter medo do pai. Dizia 'não quero o papai, estou com medo'. Perguntei várias vezes o que estava acontecendo e ela não falava", lembra a mãe. Até que, certa noite, deitada com a mãe, a criança revelou que o pai queria vê-la nua e que havia tocado suas partes íntimas. A mulher verificou que a filha sentia dor e apresentou sinais físicos.

A mãe conta que sempre orientou os filhos a falar a verdade, mesmo diante de ameaças. "Eu sempre ensinei: se alguém te ameaçar, fala para a mamãe que eu resolvo. Não inventa, mas, se for verdade, fala. Ela confiou em mim e contou".

A madrugada da denúncia - Com o depoimento gravado no celular, a mãe levou a menina ao posto de saúde ainda de madrugada para atendimento médico. Mesmo assim, na noite seguinte, o homem chegou embriagado, chamou a filha de mentirosa, tirou o celular da criança para castigar e ameaçou as duas. "Ele pegou uma faca e falou 'essa faca ainda vai servir para alguém'", afirma.

Segundo ela, o próprio suspeito ligou para a polícia do celular. Dois carros chegaram à residência; um abordou o homem do lado de fora e outro conversou com a mãe. Ela apresentou aos policiais o vídeo do relato e os documentos médicos. O homem foi preso em flagrante e levado à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário).

Medo constante - Apesar de nunca ter sido agredida fisicamente, a auxiliar de produção relata que já havia sinais de agressividade quando ele bebia. Em junho, retirou gasolina da moto e tentou colocar fogo na casa, mas não conseguiu acender por estar embriagado. Desde então, ela vive com medo. "Durmo na casa de parentes. Tenho um plano de fuga com meu filho caso ele tente entrar aqui. Não consigo dormir, fico de olho no movimento da cachorra, qualquer barulho já me assusta".

A menina passou por exames, tomou antibiótico e usou pomada ginecológica. Está fisicamente melhor, mas continua retraída, fala pouco e não quer brincar. Para ela, segundo a mãe, o pai está "de castigo" por ter feito algo errado. O Conselho Tutelar acompanha o caso e há uma medida protetiva que impede qualquer visita ou guarda por parte do suspeito.

Força de mãe - Com aluguel de R$ 1.000,00 a mãe conta que depende da ajuda da família para alimentação e tratamento da filha. A família do agressor também está contra o que ele fez e a favor da neta.

"Mãe se vira. Não tem justificativa para ficar com medo e não sair fora. Eu faço faxina, cozinho, não vou depender de homem. Vou até o fim para proteger minha filha."

A mulher afirma que, mesmo diante do choque, optou por acreditar na filha. "Meu amor por ele acabou na hora. Eu disse para mim mesma que iria proteger minha filha até o fim", relata. E deixa um recado: "Acredite nos seus filhos. Investigue, busque médico e polícia. Não perdoe agressor. Peça ajuda, trabalhe, se vire, mas proteja seus filhos".

Sem sinais aparentes - Ela reforça que nunca imaginou que isso pudesse acontecer. "Tenho vídeos dela com o papai em aniversário. Ela brigava com o irmão para abrir o portão para o pai. Era doloroso ver a filha não falar mais nele nem perguntar. Do dia para a noite tudo desmoronou", diz.

"Não tem cara, não tem sinal. Acredite nos filhos".

Gabi Cenciarelli/CGNEWS

M9

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