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Feminicídio

Cenário de terror, gritos e desespero: o que se sabe sobre o feminicídio de Angela em MS

Mãe de Angela disse que o genro chegou tranquilo ao imóvel, mas depois ouviu os ânimos se exaltarem entre o casal

9 DEZ 2025Por Redação/WK08h:18

Cenário de terror, gritos e desespero: assim resume o que a mãe e a filha de Angela Nayhara Guimarães Gugel vivenciaram na manhã de segunda-feira (8) em casa, no bairro Taveirópolis, em Campo Grande. Angela tinha 53 anos quando foi assassinada a facadas pelo marido, Leonir Gugel, na casa da mãe dela. Ela é a 38ª vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul neste ano de 2025.

Conforme o boletim de ocorrência ao qual o Jornal Midiamax obteve acesso, quando a PM (Polícia Militar) chegou ao imóvel da mãe de Angela, encontrou várias pessoas aglomeradas e a filha do casal desesperada e ensanguentada.

No local, moradores relataram que Leonir estava fechado na residência com uma faca e ferindo o próprio corpo. Então, equipes da Força Tática da PM e do Corpo de Bombeiros adentraram o imóvel e se deparam com Angela caída ao chão e perdendo bastante sangue. O marido estava ao lado dela segurando uma faca de cozinha, desorientado e com ferimento no pescoço.

Logo, os bombeiros, com apoio do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), tentaram reanimar Angela, mas ela não resistiu e faleceu no local. Já o marido, Leonir, foi encaminhado para a Santa Casa.

Discussão após culto

Aos militares, a filha e a mãe de Angela relataram que o casal estava junto há aproximadamente 30 anos, aparentava ser tranquilo e frequentava a igreja. Na noite de domingo (7), os dois foram ao culto e depois teriam discutido por ciúmes, fato que levou Angela a decidir dormir na casa da mãe.

Já por volta das 8 horas de segunda-feira (8), Leonir teria ido até a casa da sogra para se reconciliar com Angela. A mãe dela disse que o genro havia chegado calmo e tranquilo ao imóvel, alegando que queria conversar com a vítima. Então, ele seguiu para a casa dos fundos, enquanto a sogra ficou na residência da frente.

Depois, a mãe de Angela percebeu que os ânimos entre o casal se exaltaram e foi verificar o que estava acontecendo. Logo, viu a filha caída e sendo esfaqueada pelo genro. Ela e a neta tentaram intervir nas agressões, momento em que a mãe de Angela arremessou telhas contra Leonir. Contudo, o homem pegou as telhas e arremessou de volta contra a própria sogra, que sofreu lesões na testa.

Durante o relato de vó e neta à polícia, as duas revelaram que só conseguiram fugir para a rua e pedir ajuda quando o agressor começou a atentar contra a própria vida.

Além da PM, uma equipe da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e da Perícia estiveram no local realizando os levantamentos.

Angela está sendo velada desde a noite de segunda-feira (8) e será sepultada na manhã desta terça (9). "Que sua memória seja sempre lembrada com carinho e gratidão", diz um comunicado sobre o falecimento dela.

'Ele vai matar a minha mãe': vizinha relatou cena de horror

Uma vizinha, de 32 anos, que terá a identidade preservada, presenciou os últimos momentos de vida de Angela. Ela relatou que estava passando de moto próximo à residência, quando viu a filha da vítima sair desesperada pela rua, coberta do próprio sangue e do sangue da mãe, gritando por ajuda. Diante da cena agoniante, a vizinha decidiu estacionar e ver o que estava acontecendo. 

"Eu estava passando, quando vi uma moça gritando na rua: 'Chama a polícia, chama a polícia'. E aí vi que ela estava toda ensanguentada. Perguntei o que tinha acontecido, e ela falou 'Moça, ele está lá dentro, ele vai matar minha mãe. A minha avó está lá dentro, ele vai matar elas, por favor'", relembrou.

Angela é a 38ª vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul neste ano de 2025. Antes dela, Alliene Nunes Barbosa, ex-guarda municipal de Dourados, foi esfaqueada 23 vezes pelo ex-marido, o venezuelano Cristian Alexander Cabeza Henriquez, de 44 anos. O feminicida usava tornozeleira eletrônica e estava proibido de se aproximar da ex-companheira num raio de 300 metros.

Lista de feminicídios em MS em 2025

Karina Corim (Caarapó) 4 de fevereiro;

Vanessa Ricarte (Campo Grande) 12 de fevereiro;

Juliana Domingues (Dourados) 18 de fevereiro;

Mirielle dos Santos (Água Clara) 22 de fevereiro;

Emiliana Mendes (Juti) 24 de fevereiro;

Gisele Cristina Oliskowiski (Campo Grande) 1º de março;

Alessandra da Silva Arruda (Nioaque) 29 de março;

Ivone Barbosa (Sidrolândia) 17 abril;

Thácia Paula (Cassilândia) 11 de maio;

Simone da Silva (Itaquiraí) 14 de maio;

Olizandra Vera Cano (Coronel Sapucaí) 23 de maio;

Graciane de Sousa Silva (Angélica) 25 de maio;

Vanessa Eugênio Medeiros (Campo Grande) 28 de maio;

Sophie Eugenia Borges, filha de Vanessa Eugênio Medeiros (Campo Grande) 28 de maio;

Eliana Guanes (Corumbá) 6 de junho;

Doralice da Silva (Maracaju) 20 de junho;

Rose (Costa Rica) 27 de junho;

Michely Rios Midon Orue (Glória de Dourados) 3 de julho;

Juliete Vieira (Naviraí) 25 de julho;

Cinira de Brito (Ribas do Rio Pardo) 31 de julho;

Salvadora Pereira (Corumbá) 2 de agosto;

Dahiana Ferreira Bobadilla (Assassinada no Paraguai, mas encontrada em Bela Vista) 8 de agosto;

Érica Regina Mota (Bataguassu) 27 de agosto;

Dayane Garcia (Nova Alvorada do Sul) 3 de setembro;

Iracema Rosa da Silva (Dois Irmãos do Buriti) 8 de setembro;

Ana Taniely Gonzaga de Lima 13 de setembro;

Gisele da Silva Cylis Saochine (Campo Grande) 2 de outubro;

Erivelte Barbosa Lima de Souza (Paranaíba) 10 de outubro;

Andrea Ferreira (Bandeirantes) 12 de outubro;

Solene Aparecida Corrêa (Três Lagoas) 21 de outubro;

Luana Cristina Ferreira Alves (Campo Grande) 28 de outubro;

Aline Silva (Jardim) 4 de novembro;

Mara Aparecida do Nascimento Gonçalves (Aparecida do Taboado) 4 de novembro;

Rosimeire Vieira de Oliveira (Rochedo) 10 de novembro;

Irailde Vieira Flores de Oliveira (Rochedo) 10 de novembro;

Gabrielli Oliveira dos Santos (Sonora) 18 de novembro;

Alliene Nunes Barbosa (Dourados) 24 de novembro;

Angela Nayhara Guimarães (Campo Grande) 8 de dezembro.

Onde buscar ajuda em MS

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos fins de semana.

Além da Deam, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.

 Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.

As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os fins de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.

Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.

No interior, as DAMs - Delegacias de Atendimento à Mulher, estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 99321-3931.

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