Polícia
Casal de adolescentes se inspirou em jogo para matar família
"Eles se identificavam com ele, mas não o jogavam", afirmou o delegado Carlos Augusto Guimarães, à frente das investigações
Ao ser apreendida nesta terça-feira (1º/7), por suspeita de participação no crime cometido pelo namorado de 14 anos que matou os pais e o irmão caçula, a jovem de 15 anos contou que ela e o adolescente teriam se inspirado em um jogo de terror para cometer os assassinatos.
A informação é do delegado Carlos Augusto Guimarães, titular da 143ª Delegacia de Polícia (Itaperuna), no Rio de Janeiro. “Eles se identificavam com ele, mas não o jogavam. Pesquisei e vi que o game chegou a ser banido na Austrália; depois, foi reclassificado como permitido apenas para maiores de 18 anos”, afirmou o investigador.
Saiba mais detalhes sobre o caso
Triplo homicídio ocorreu em 21 de junho, mas corpos dos pais do adolescente – Inaila Teixeira, 37 anos, e Antônio Carlos Teixeira, 45 – e do irmão caçula dele, de 3 anos, só foram encontrados na última quarta-feira (25/6).
Após matar parentes a tiros, adolescente jogou corpos dentro de cisterna.
Antes de confessar crime, adolescente contou à avó que pais tinham desaparecido porque o filho mais novo do casal teria engolido cacos de vidro.
Com base nisso, houve registro de um boletim de ocorrência sobre o suposto desaparecimento da família.
Desconfiados, policiais civis fizeram buscas na casa da família e, em razão de um cheiro forte, encontraram os corpos na cisterna. O adolescente foi detido no mesmo dia.
Na delegacia, ele contou que atirou na cabeça de Inaila, Antônio Carlos e no pescoço do irmão – que matou para “poupar o menino da dor de perder os pais”.
Uma das linhas de investigação da polícia envolvia um namoro virtual do jovem com uma adolescente de 15 anos moradora de Mato Grosso, que ele conheceu em jogos on-line.
O casal manteve um relacionamento por cerca de seis anos.
O suspeito contou que os pais não aprovavam o namoro e que a jovem teria dado um ultimato: ele precisava ir até o MT para vê-la.
Os pais do adolescente, porém, teriam impedido a viagem, o que supostamente motivou o triplo assassinato.
Durante a perícia na casa da família, a polícia encontrou uma mochila pronta para viagem e com os celulares das vítimas guardados.
Uma segunda linha de investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) envolve dinheiro, pois, após o crime, o jovem pesquisou como receber o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de uma pessoa falecida.
O pai dele teria direito a cerca de R$ 33 mil.
A namorada do adolescente prestou depoimento na quinta-feira (26/6), na Delegacia de Água Boa (MT), acompanhada da mãe. Ela foi apreendida na manhã desta terça-feira (1º/7).
À época da detenção do adolescente, ele contou que, após cometer os assassinatos, ligou para a namorada, que teria o induzido a ocultar os cadáveres, segundo o delegado que investiga o crime.
Além disso, o material analisado pelos investigadores demonstrou que a adolescente sabia do crime, com base em trocas de mensagens, inclusive, na data das mortes.
Em depoimento, ela negou a participação no triplo homicídio. Mas, para a polícia, a troca de mensagens revelou a participação efetiva dela.
O delegado Carlos Augusto acrescentou que a análise das conversas entre os dois mostrou uma “barbaridade” na forma como planejaram e executaram o crime. “Conseguimos mostrar a premeditação, os atos preparatórios, o planejamento em si e os atos executórios”, afirmou.
O delegado destacou que os adolescentes também conversaram sobre como não serem descobertos e que os diálogos incluíam mensagens sobre o distanciamento do casal.
Em uma delas, a adolescente chegou a dizer que o namorado deveria “ser homem” e ir visitá-la – algo interpretado pela polícia como chantagem emocional.
Em uma das conversas com ela, o jovem chegou a dizer que o pai deveria ser morto primeiro, pois poderia impedir a execução da mãe e do filho de 3 anos.
“Outra mensagem trata de como [os adolescentes] sumiriam com os corpos, sobre cães farejadores da polícia, picar os cadáveres, queimar ou até dar para porcos comerem, em uma demonstração de total desprezo pela vida dos parentes”, completou o delegado.
Ainda segundo Carlos Augusto, o casal de jovens discutiu a necessidade de esperar um momento em que o irmão caçula do adolescente estivesse distante, para que isso facilitasse o assassinato dos pais deles.
Os investigadores descobriram que o casal ainda cogitou matar a mãe da adolescente e a avó do jovem, mas desistiu do plano por temerem chamar muito a atenção.
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