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Dom Otair Nicoletti

Coluna

Corpus Christi: Quando a Missa nos leva às ruas e ao coração da vida

16 JUN 2025Por Dom Otair Nicoletti08h:57

Tem algo de muito bonito e comovente em ver as ruas ganhando cores, tapetes sendo feitos com carinho, comunidades se reunindo em oração e silêncio diante do Santíssimo Sacramento. A celebração de Corpus Christi toca algo muito profundo em nós. É como se o nosso coração dissesse: “Jesus está aqui, e eu quero caminhar com Ele”.

Mas por que tudo isso? Por que fazemos procissão? Por que essa solenidade é tão especial?

Tudo começou com uma dúvida... e um milagre

A história de Corpus Christi nos leva de volta ao século XIII, quando um padre, ao celebrar a Missa, teve dúvidas se Jesus estava mesmo presente na hóstia consagrada. Foi então que, durante a consagração, a hóstia começou a sangrar. Aquele milagre, que aconteceu em Bolsena, na Itália, tocou profundamente o coração da Igreja.

Pouco tempo depois, o Papa Urbano IV instituiu a solenidade de Corpus Domini, o Corpo do Senhor. Ele também pediu que São Tomás de Aquino escrevesse hinos e orações para essa festa — e são justamente esses textos belíssimos que cantamos até hoje, como o “Tão Sublime Sacramento”.

Desde então, Corpus Christi se tornou um dia em que a fé sai do templo e caminha pelas ruas, lembrando ao mundo que Deus está vivo, perto, presente — e deseja ser amado.

A Eucaristia: o coração da nossa fé

É importante lembrar: Corpus Christi não é, antes de tudo, a procissão. É a Missa. É dela que tudo parte. É ali, no altar, que Jesus se entrega, se faz pão, se oferece por amor. É ali que o céu toca a terra. E é ali que nós somos alimentados e enviados.

Participar da Missa não é um dever frio, mas um encontro com alguém que nos ama infinitamente. Cada vez que comungamos, somos acolhidos, curados, fortalecidos. E saímos transformados, porque Cristo passa a viver em nós.

A Eucaristia é esperança que nos põe de pé

Neste tempo em que tanta gente anda cansada, ferida e desanimada, o Senhor nos convida: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados” (Mt 11,28). E Ele nos espera na Eucaristia. Ali encontramos a força que não vem de nós. Ali escutamos de novo que somos amados. E, mais do que isso, somos enviados: saímos da Missa com o compromisso de levar aos outros o que recebemos.

A Eucaristia e o cuidado com o mundo que Deus criou

Este ano, a Campanha da Fraternidade nos propõe uma reflexão muito necessária: Fraternidade e Ecologia Integral. É bonito perceber como tudo se conecta: o pão e o vinho que levamos ao altar são frutos da terra e do trabalho humano. Cada Missa nos recorda que a criação é dom, não posse.

Comungar o Corpo de Cristo é também assumir um compromisso com a vida — com os pobres, com a natureza, com as futuras gerações. Não se trata só de rezar bem, mas de viver bem, cuidando, respeitando, servindo. A Eucaristia nos ensina que o verdadeiro culto a Deus passa por gestos concretos de amor.

Caminhar com Cristo: pelas ruas e pela vida

A procissão de Corpus Christi é cheia de símbolos: ruas enfeitadas, crianças com pétalas, o silêncio respeitoso, o incenso que sobe como oração... Mas, mais do que tudo isso, o que importa é saber que caminhar com Jesus pelas ruas deve nos lembrar que precisamos caminhar com Ele todos os dias da vida.

Jesus não quer ficar só no ostensório. Ele quer morar em nossos corações. Quer ser levado ao encontro dos que sofrem, dos que perderam a fé, dos que não têm ninguém. Quando participamos da Missa e comungamos com fé, somos nós que passamos a carregar Cristo dentro de nós — e somos chamados a ser Eucaristia para os outros.

Corpus Christi: um dia para renovar a fé e recomeçar

Corpus Christi é, no fundo, um grande convite. Um chamado a voltar ao essencial. A fazer da Missa o centro da nossa semana. A comungar com mais amor. A deixar que a fé nos leve a servir, a amar, a recomeçar.

Neste ano de Jubileu, com tantas dores no mundo, Jesus continua dizendo: “Eu sou o pão da vida”. Ele quer nos alimentar com esperança. Ele quer nos enviar como sinais do seu amor.

Então, ao ver os tapetes coloridos e o povo caminhando atrás do Santíssimo, lembre-se: ali está Jesus, vivo, presente, nosso companheiro de estrada. Mas mais do que olhar — abra espaço no coração. Deixe que Ele entre, que fique, que transforme.

Porque celebrar Corpus Christi é isso: acolher Jesus na Missa, adorá-lo na Eucaristia, e levá-Lo ao mundo com coragem e ternura.