Cidades
Incêndio em casa de idoso expõe histórico de agressões do filho
Ano passado, idoso foi agredido com machado e teve o rosto cortado após "surto" do caçula
O incêndio provocado por Paulo Sérgio dos Santos de Oliveira, 32 anos, na casa do próprio pai de 83, expôs um drama vivido pela família há anos com as agressões praticadas contra o idoso. O caso aconteceu na tarde de sexta-feira (2), no Bairro Parque do Lageado, em Campo Grande. O fogo destruiu totalmente a casa onde os dois moravam e agora é reerguida pelos outros filhos da vítima.
Ao Campo Grande News, o eletricista Rafael Souza, 53, irmão do autor, contou que há anos a família tem passado por momentos assim com Paulo. Segundo ele, as agressões começaram quando o idoso e Paulo ainda moravam em uma chácara na cidade de Sidrolândia e só foram piorando.
“Ele veio morar com meu pai há 4 anos, mas desde os 25 e ele tá bastante trabalho para a família. Quando eles moravam na chácara, ele agrediu meu pai pelo menos quatro vezes. Há dez anos ele chegou a falar que tinha problema psicológico e precisava de tratamento. Meu pai deu bastante dinheiro, chegou a vender uma novilha por mês e ele nunca foi nas consultas, nem fez exames”, disse o eletricista.
Segundo Rafael, ano passado o Paulo chegou a agredir o pai com um machado. O idoso foi atingido no rosto e no braço. Ele levou ao menos três pontos e um outro filho veio do Mato Grosso para levá-lo até a delegacia, mas mesmo assim, ele não quis denunciar o caçula.
“Ele nunca foi punido pelas coisas que fez. Sempre que precisa de dinheiro ele agride meu pai. Destrói tudo na casa. Ele sabe que meu pai tem dó. Somos em cinco irmãos, tentamos interditar ele para conseguir pelo menos denunciar, mas ele está lúcido. Teve um ano que meu pai precisou passar por tratamento médico e quando voltou para casa ele tinha vendido todos os móveis”, afirmou Rafael.
A família afirma que Paulo não faz uso de entorpecentes e que o problema é o vício na bebida, que vem destruindo a convivência familiar. Ainda conforme o relato do irmão, o idoso não consegue ter um relacionamento com os netos e os outros filhos porque todos se afastaram, já que não conseguem ajudá-lo, pois se recusa a denunciar o agressor.
“Ficamos de mãos atadas, não podemos fazer nada. Tenho certeza que daqui alguns dias ele vai voltar chorando e meu pai vai ajudar porque tem dó. Um irmão meu mora aqui do lado, ele chegou a ser preso quando tentou defender nosso pai e ai se afastou porque ficou revoltado com a situação”, declarou o eletricista.
A casa incendiada ficou totalmente destruída e agora os filhos se juntaram para reerguê-la. A reportagem esteve no local e também conversou com o idoso, vítima das agressões. Ainda abalado com a situação e revoltado com as agressões, ele afirmou ter medo de Paulo e espera que ele se mude.
“Ele teve meningite quando nasceu, ficou muito doente e sempre deu muito trabalho. Agora ele bebe muito. Não usa droga, mas bebe demais. Fiquei pelejando para ele trabalhar e ser alguém bem de vida, mas ele não quis e agora quero que fique longe. Estou com medo dele voltar e fazer pior”, disse o idoso que desta vez decidiu representar contra o filho.
Sobre o pedido de ajuda, Rafael afirmou que a família está reerguendo a casa do idoso e que não precisam de doações. Paulo foi preso após quebrar objetos da UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) Parque do Sol e ameaçar os servidores do local. Ele precisou ser contido por equipe da GCM (Guarda Civil Metropolitana), depois foi encaminhado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol por equipe da Polícia Militar.
Ana Paula Chuva e Mariely Barros/campograndenews