Agronegócio
A importância do fortalecimento dos NEA’s para a agroecologia
Os últimos dados da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) mostram que existem atualmente no Brasil 100 Núcleos de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica (NEAs). Essa integração do ensino, pesquisa e extensão, que contribui para a formação de técnicos capazes de possibilitar benefícios ambientais, sociais e econômicos no campo deve se fortalecer ainda mais neste ano com a nova Chamada Pública nº 21/2016. O edital vai destinar mais de R$ 10 milhões aos melhores projetos voltados para a construção e socialização de conhecimentos e técnicas relacionados à agroecologia e à produção orgânica, bem como à promoção dos sistemas orgânicos de produção. O prazo para participação se encerra na próxima sexta-feira, dia 10, e são direcionados em duas linhas: (1) Criação de Núcleo de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica e (2) Manutenção de Núcleo de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica.
A expansão dos NEA’s é possível graças ao esforço conjunto da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF) da Sead em parceria com outros órgãos como Ministério da Educação (MEC), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Desde 2010, foi iniciado o lançamento de editais com a finalidade de fomentar a criação de NEA’s e Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs). Ao todo, foram oito chamadas públicas que apoiaram 281 projetos, em 192 campi de 102 Instituições de Ensino de Educação Profissional e Superior com cursos na área de ciências agrárias. O desafio maior era superar a escassez de profissionais preparados para atuar na produção orgânica e de base agroecológica, o que dificultava a disponibilização de assistência técnica para orientar agricultores, povos e comunidades tradicionais.
“A SAF reconhece a relevância dessa ação de fomento aos núcleos, que resultou em várias experiências inovadoras referentes à integração ensino, pesquisa e extensão. Além disso, vem provocando impactos no aprendizado e vem ajudando a construir uma agricultura sustentável, que respeita o ambiente e as pessoas e, também é economicamente viável”, destaca o coordenador geral de formação da SAF, Gereissat Rodrigues Almeida.
Casos de sucesso
O Núcleo de Agroecologia e Educação do Campo GWATÁ, no interior do estado de Goiás, é um dos NEAs que se tornaram referência no país e hoje atende a 24 assentamentos, que congregam mais de 700 famílias. O GWATA foi criado a partir de um edital lançado em 2010 e, desde então, vem se fortalecendo por meio de parceria com organizações ligadas à agroecologia e novos editais da área. Agora a coordenação se prepara para participar da Chamada Pública nº 21/2016, através da linha 2, para manutenção.
São desenvolvidas atividades que relacionam ensino, pesquisa e extensão, envolvendo ações de formação com professores das escolas do campo, agricultores camponeses e alunos do ensino fundamental e médio. O projeto, que contribui para o estudo da agroecologia, abrange ciências humanas, biológicas e agrárias. Geografia, história, turismo, agronomia, zootecnia, geologia, biologia e outras matérias estão envolvidas no processo.
O trabalho realizado tem foco nas escolas do campo e busca a valorização e o protagonismo do conhecimento dos agricultores tradicionais. Os próprios camponeses acabam sendo inseridos como instrutores nos cursos de formação.
“Os NEA’s mudam a forma de relação da universidade com a agroecologia e é um processo democrático que une o conhecimento de todos os envolvidos (professores, técnicos, alunos, agricultores) e trata com o mesmo peso. Então valorizamos a sabedoria dos camponeses tradicionais também”, explica o coordenador do GWATÁ, Murilo Mendonça de Souza.
Crianças, jovens e mulheres também são beneficiários do projeto. São desenvolvidas ações agroecológicas em diversas escolas municipais, como o cultivo de hortas, quintais, viveiros de mudas, campos de sementes crioulas, entre outras. Os eventos realizados unem as atividades sobre agroecologia, além da discussão sobre a educação no campo. O trabalho é desenvolvido em três frentes principais: a agroecologia e a educação no campo, a importância da água através da análise dos recursos hídricos com a recuperação de nascentes e o controle do uso de agrotóxicos para garantir a qualidade da produção.
“Agroecologia não é só uma técnica, é uma discussão social, cultural e política. É a luta pela terra, o estudo do solo, da água, do desenvolvimento vegetal. É um trabalho muito amplo”, completa Murilo Mendonça de Souza.
Saiba mais sobre a Chamada Pública para NEA’s
As propostas devem atender a implantação de Unidades de Referência nas áreas produtivas familiares, visando à construção participativa de referências em tecnologias produtivas e sociais na agricultura familiar, a validação participativa de tecnologias de base agroecológica e orgânica e/ou o compartilhamento de conhecimentos, atendendo às demandas dos agricultores e a realização de atividades de formação relacionadas aos temas de interesse da agroecologia e produção orgânica, buscando a alternância entre teoria e prática, com pontos focais identificados previamente pelas instituições de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater).
Os projetos enviados devem estar inseridos em uma das seguintes linhas:
Linha 1: Criação de Núcleo de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica (NEA);
Linha 2: Manutenção de Núcleo de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica (NEA).
No processo de avaliação, serão considerados critérios como experiência em agroecologia, potencial de aplicabilidade para o desenvolvimento regional, atendimento ao público beneficiário, adequação da metodologia e capacidade técnica e gerencial para a execução do objeto.
Esta chamada dá continuidade às ações iniciadas pelo edital nº 81/2013, e apoia projetos de ensino, extensão universitária e pesquisa voltados para a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.
Fonte: Fernanda Lisboa
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário
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