CENARIO
Logo Diario X
Aqui tem a Verdadeira Notícia
01 de maio de 2024
Coxim
24ºC
TRIBUNAL

Profissões

Ex-trainees contam como se tornaram chefes - e dão dicas para quem busca uma vaga

Conheça a trajetória de profissionais que ingressaram nos programas logo após conclusão da graduação; vejas as dicas deles para conseguir uma vaga de trainee

21 AGO 2018Por Redação/OJ13h:40

Felipe Ghiotto, de 37 anos, e Roberta Silva, de 41, já sabiam, ainda universitários, que queriam ser trainees. Já durante a graduação começaram a pavimentar o caminho para alcançar o objetivo. E, recém-formados, foram em busca de aprimoramento fora do país. A estratégia deu certo.

º Cerca de 40 empresas estão com programas de trainee abertos; veja requisitos e dicas

Hoje eles ocupam cargos de chefia nas empresas onde começaram suas carreiras. Ghiotto é diretor de marketing da Cervejaria Ambev. Roberta é superintendente da área de gestão de produtos e serviços ao cliente do Itaú Unibanco. Veja abaixo a trajetória de cada um deles.

Intercâmbio no exterior

Logo após se formar no curso de administração em 2004, Ghiotto foi estudar marketing na Califórnia, nos EUA, por 4 meses, para complementar sua formação. “Sabia que queria trabalhar na área comercial, tinha certeza já na faculdade”, conta.

Roberta fez a mesma coisa. Após terminar a faculdade de matemática em 1998, foi para os EUA aprimorar o inglês, onde ficou por 6 meses.

Ambos voltaram do exterior já com planos de disputar programas de trainee.

Escolha de empresas e aprovação

“Sabia que o programa de trainee era uma excelente porta para o mundo empresarial. Meu pai queria que eu fosse médico, mas quando desmaiei aos 15 anos assistindo a uma cirurgia, tive a certeza de que médico nasce médico”, comenta Ghiotto.

O diretor de marketing conta que o desejo de ser trainee trazia o desafio de escolher a empresa e a área. Foi atrás de informações sobre as empresas.

Ele passou em quatro programas de trainee ao mesmo tempo. Além da Ambev, em dois bancos e em uma editora.

Ghiotto conta que a Ambev estava se consolidando globalmente, tinha acabado de fazer a parceria com a belga Interbrew, que criou a maior cervejaria do mundo em 2004. “Sabia um pouco do estilo e os valores que a companhia pregava. E vi que casava com o que eu pensava”, diz.

O hoje executivo tinha 23 anos quando entrou na companhia, em 2005. “Me lembro até hoje quando eu fui chamado, fiquei esperando no dia em que ia receber a resposta. Sabia que ali ia começar a minha vida profissional”, recorda.

Roberta voltou do exterior durante a temporada de programas abertos. “Tinha certeza que queria ser trainee, e no mercado financeiro”, conta.

A superintendente afirma que não queria ser professora. E seu plano era trabalhar no banco desde o começo da faculdade. O pai trabalhava no mercado de ações e a ajudou a direcionar a carreira. E, coincidentemente, havia trabalhado no Unibanco, que acabou se fundindo com o Itaú em 2008.

Ela concorreu ao mesmo tempo no programa de uma consultoria, mas não terminou todas as fases do processo seletivo porque passou no trainee do Itaú antes.

"Queria ser trainee porque tinha certeza de que seria a melhor porta de entrada no mercado de trabalho, era a oportunidade de passar por várias áreas, trazendo conhecimentos diferentes do negócio”.

Trajetória na empresa

Ghiotto conta que foi fácil chegar ao final do primeiro ano do programa de trainee com a escolha da área em que queria atuar, e a partir dali começou a carreira na área de vendas da companhia.

Ele viajou pelo Brasil visitando fábricas, centros de distribuição e de referência de produtos, aprendeu sobre os setores de finanças e logística. “Tinha a visão do todo, completou muito a minha faculdade”, diz.

“Sabia que a área comercial era a que eu gostava, visitava clientes, desenvolvia os produtos da empresa, trabalhava com marcas. Eu era consumidor dos produtos que queria vender. Tinha o lado da mesa como consumidor, e ao me tornar trainee consegui ficar do outro lado da mesa“.

O programa durou um ano, e logo depois foi morar em Bauru (SP), para trabalhar na cidade vizinha de Agudos, onde atuou por 1 ano e meio. Depois foi para Ribeirão Preto, Araraquara e Curitiba. Ficou 5 anos longe. Em 2010, voltou para São Paulo. A namorada, que hoje é sua esposa e mãe de seus dois filhos, foi sua colega de faculdade e aguentou firme a distância. Ela também se tornou gestora da empresa em que entrou como trainee.

Ghiotto conta que ficou na área comercial até se tornar gerente de vendas e trade marketing. Em 2011, virou gerente de marketing da marca Skol e, em 2016, foi promovido a diretor de marketing de não alcoólicos. “Construí uma carreira bem horizontal passando por áreas distintas. Hoje em dia não dá para ser especialista para ser um grande líder. Tem que ter perfil generalista, que é isso que o mercado quer”, comenta.

Em janeiro de 2019, ele faz 14 anos de empresa.

Roberta conta que, durante os dois anos em que permaneceu no programa de trainee, só reforçou a certeza de que queria atuar no mercado financeiro.

Ela entrou em 2000. Na primeira semana, ficou numa sala com os outros seis trainees, recebendo informações e conhecendo os executivos que explicavam o que cada diretoria fazia e traziam os projetos prioritários.

“Ali eu vi o quanto tinha coisa legal para fazer, vi o espaço que o trainee tinha para ser provocativo, criativo, para repensar o modelo, mudar, focar em fazer coisas diferentes”, diz.

Segundo ela, naquele momento enxergou um mundo de oportunidades que se abriu para ela. “Eles esperavam minha contribuição. Era tudo o que eu queria. E me deram abertura para dar minha opinião do que poderia ser melhorado”.

Roberta fez um rodízio por várias áreas e pôde conhecer o negócio como um todo. Depois dos dois anos como trainee, tornou-se especialista, ocupando um cargo sênior por três anos, até se tornar gerente. E pôde realizar o sonho de trabalhar com gestão de pessoas.

“Gosto de participar do desenvolvimento das pessoas, é gratificante ajudá-las a crescer. Busquei essa transição e me tornei gestora de pessoas depois de 5 anos que eu tinha entrado no banco”, diz.

E ela continuou em seu caminho, até entrar na área de gestão de ativos, passando por produtos e fundos de investimento. E decidiu se especializar - fez MBA e mestrado. Com 10 anos de empresa, tornou-se superintendente. “Foi um caminho longo, mas natural e buscado. Temos que ser protagonistas da nossa carreira. Ninguém vai buscar por nós. Isso envolve enfrentar desafios e aproveitar as oportunidades”.

Experiências na universidade

Durante a universidade, tanto Ghiotto como Roberta atuaram em empresas juniores - onde os estudantes prestam serviços para pequenas e médias empresas com o suporte dos professores. Ghiotto chegou a presidente, e Roberta, a diretora.

“A gente tinha projetos, desenvolvia programas para empresas de otimização, foi o começo de uma vivência corporativa, era nossa empresa, não era grande, mas tinha conflitos para mediar, projeções, planejamento, isso agregou essa vivência para as minhas entrevistas e para o mercado onde queria atuar”, explica Roberta.

“Tive acesso a clientes, fazia projetos, foi uma experiência muito rica”, conta Ghiotto. Depois ele fez estágio em uma empresa de consultoria.

Como conseguir a vaga de trainee

5 dicas de Ghiotto:

º Tenha objetivos claros desde o começo de carreira. Defina o tipo de empresa e área onde quer trabalhar e os valores com os quais se identifica. Preocupações como onde fica o escritório e quanto é o salário não são importantes nesse momento. “É preciso pensar o que se pode tirar da empresa, não importa se é perto de casa ou se paga R$ 200 a menos”, diz Ghiotto.

º Viva ao máximo o que a vida acadêmica pode oferecer. Faça estágio e atividades em que possa se desenvolver, como trabalho em equipe. Não se preocupe apenas em tirar boas notas. “Quando participo de entrevistas com candidatos a trainee avalio se eles participaram de atividades culturais e sociais. A partir da experiência na universidade tiramos dele as áreas de interesse que podem convergir para o setor onde ele pode atuar”.

º É importante ter uma língua estrangeira pelo menos, como o inglês, e cursos no exterior. “Isso mostra que o candidato saiu da zona de conforto. Ele ganha repertório, visão diferente de mundo e bagagem de vida desde o começo da vida profissional”.

º Leia sobre as empresas em que quer trabalhar, os seus valores, como está o desempenho, o que pensam os principais executivos. Você vê com quem quer trabalhar e o tipo de problema que quer resolver. “Não é só a empresa que te avalia, mas você avalia a empresa ao longo do processo”.

º Faça trabalho social. Isso ajuda a formar o caráter e agrega à carreira. “Trabalhei em ONG que cuidava de crianças carentes aos finais de semana. Dava treinamento, brincava, era responsável pela creche, fazia a parte de entretenimento, levava ao parque de diversões. Foi uma experiência ótima para ambas as partes”.

5 dicas de Roberta:

Roberta Silva, superintendente da área de gestão de produtos e serviços ao cliente do Itaú Unibanco. (Foto: Marcelo Brandt/G1)

º Seja você mesmo: se tem uma vocação, uma aspiração ou um sonho, persiga, não tente representar um papel.

º Mantenha-se antenado no que acontece no mundo. A concorrência traz bons serviços para o cliente e é preciso estar a par para onde as coisas estão caminhando. “Nossa concorrência deixou de ser só com banco, a gente concorre com empresas que trazem experiências para o cliente”, diz.

º Nunca pare de aprender, troque conhecimentos, aprenda novas línguas, tire o melhor da vida acadêmica.

º A área da empresa em que vai atuar não precisa ser a mesma da sua formação. “Comigo trabalham advogados, estatísticos, economistas, engenheiros, grande variedade de formações”.

º Uma das coisas buscadas no trainee é a diversidade de pensamentos, de formações e experiências de vida. E que esteja pronto para mudanças de áreas. “É esperado que ele faça a diferença e seja protagonista de sua carreira”.

Fonte: G1/globo

square banner

Leia Também