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Entrevistas

Luciano Guerra Gai - Past Mestre Conselheiro Estadual - MS

17 NOV 2017Por Valdeir Simão15h:03

Já se foram mais de 12 anos desde a realização do I Congresso Nacional da Ordem DeMolay (CNOD) em Campo Grande (MS). O responsável por presidir o primeiro evento do Supremo Conselho da Ordem DeMolay para a República Federativa do Brasil (SCODRFB), Luciano Guerra Gai, lembra com nostalgia do evento. À época, Gai era Mestre Conselheiro Estadual do Mato Grosso do Sul (MCE-MS) e, como não havia um Mestre Conselheiro Nacional (MCN), conduziu a abertura e também a cerimônia de posse que instalou Sandro Romero como Grande Mestre Nacional – o primeiro Sênior DeMolay a chegar ao posto no Brasil – e Daricélio Soares, primeiro MCN do SCODRFB. “Eu jamais vou saber descrever a sensação que foi conduzir o malhete naquela sessão”, ressalta Gai, que completou 20 anos de iniciado em 2017.

Você era o MCE do Mato Grosso do Sul à época do primeiro CNOD. Como foi participar da organização de um evento que entrou para a história como um marco da Ordem DeMolay no Brasil?

Eu me recordo claramente do dia em que o tio Kieling [Luiz] nos informou que o Grande Conselho Estadual de Mato Grosso do Sul tinha sido escolhido para sediar o 1º Congresso Nacional da era SCODRFB. O que mais me chamou atenção naquele momento foi o prazo que a gente tinha para realizar o evento, 3 meses. Ficamos muito gratos em ser o estado escolhido para realiza-lo. Mas que o que mais nos gratificou foi a união dos DeMolays que atenderam nosso chamado para colaborarem na organização do evento. Toda terça-feira tinha reunião na casa do tio Kieling que contava com a presença de dezenas de irmãos dos Capítulos das cidades de Campo Grande e Ribas do Rio Pardo. A gente analisava uma check-list imensa para que os prazos fossem cumpridos até o dia do congresso. Primeiro planejamos tudo, conseguimos bons patrocinadores, escolhemos o centro de convenções que tem o maior auditório do estado, convênio com hotéis, local espaçoso para refeições. O tio Kieling frequentemente repetia que o nosso ideal era produzir o melhor congresso possível para que ele servisse de referência para os próximos forçando-os a oferecerem uma qualidade superior a do congresso anterior. Acho que deu certo, é perceptível que o CNOD cresce a cada ano que passa. O espírito de irmandade e união foi nosso combustível durante a organização e realização do congresso. Estar numa posição de liderança na organização do I CNOD me oportunizou conhecer muitos DeMolays deste estado e de todo o Brasil, criando com eles laços de irmandade que duram até hoje. Isso não tem preço. Participar da organização desse congresso foi uma das experiências mais incríveis da minha vida. É praticamente impossível descrever o sentimento que tivemos. Todavia não foi só a organização do congresso que nos deixou maravilhados e gratificados. Todo esse sentimento foi exponencialmente aflorado a partir do momento que a ficha caiu e eu percebi que, por ser o Mestre Conselheiro Estadual anfitrião, iria presidir o congresso por causa da ausência do Mestre Conselheiro Nacional, pois este só seria eleito e empossado durante o CNOD. Na cerimônia de abertura tive a oportunidade de representar os DeMolays de todo o Brasil num discurso emocionado que deixava claro que a Ordem DeMolay brasileira estava se inovando e tomando novos caminhos rumo a construção de uma Ordem forte, transparente e democrática. Também fomos o Mestre Conselheiro que presidiu a sessão de encerramento que deu posse ao primeiro Mestre Conselheiro Nacional e Grande Mestre Nacional eleitos pelo SCODRFB. Eu jamais vou saber descrever a sensação que foi conduzir o malhete nesta sessão que contou com mais de 400 DeMolays presentes na sala capitular. Portanto, participar da organização o I CNOD foi uma aventura incrível. Muito trabalho, aprendizados, experiências inéditas e momentos que ficaram marcados na história da Ordem DeMolay brasileira.

De 2005 para cá, quando o CNOD aconteceu, muita coisa mudou. O que mais te chamou atenção nesse período?

O CNOD se tornou em um evento grandioso não só pelo número de participantes mas também pelas atividades desenvolvidas nele. Em Campo Grande, foram mais de 400 inscritos. Esse número foi crescendo a cada ano de modo que já houve CNOD com mais de 1.000 inscritos. Antes o Congresso tinha como objetivo apenas a alteração dos regulamentos, escolha das próximas cidades sedes e eleição de Grande Mestre Nacional e Mestre Conselheiro Nacional. Agora tudo evoluiu, temos grandes palestras, premiações, torneio de ritualística, atividades exclusivas para Cavalaria, Escudeiros e Alumni. Me chama muita atenção o ciclo de crescimento que o CNOD passou pois foi exatamente isso que esperávamos quando idealizamos o I CNOD, ou seja produzir o melhor congresso para que os próximos fossem superiores. Enfim, o CNOD tornou-se uma grande atração, além da oportunidade de reencontrar os irmãos de todo o Brasil. Perde quem não vai.

Você completou recentemente 20 anos de iniciado na Ordem DeMolay. O que te mantém ativo nas atividades?

Fui bastante assíduo quando era DeMolay ativo, não faltava nenhuma reunião do Capítulo Guardiães da Natureza. Todavia, por me mudar de Coxim para Campo Grande deixei de participar todo sábado de uma reunião. Ingressei na Ordem da Cavalaria e participava de uma reunião por mês no Priorato Syr Guy d’ Auvergnie. Depois disso fui Mestre Conselheiro Estadual e ao entregar o cargo passei a colaborar com o GCEMS em seus eventos importantes, e claro, colaborar com meu capítulo mãe em suas iniciações e elevações. Portanto, depois que completamos a maioridade, nós não nos afastamos da Ordem DeMolay, sempre se fizemos presentes na hora que ela precisou de nosso trabalho. Recentemente voltei para Coxim, iniciei no quadro de obreiros da Loja Acácia de Coxim, patrocinadora do Capítulo, me tornando membro do Conselho Consultivo, logo, continuamos trabalhando com a Ordem DeMolay, mas agora em outra posição, em um ciclo que jamais se acaba. Todo esse processo que vivemos dentro da Ordem DeMolay nos ensina e engrandece como pessoa. Desenvolvi conceitos de liderança que fazem a diferença no mundo profano. Oportunidades surgiram para mim por causa da Ordem DeMolay. Conheci muitos irmãos valorosos e tive experiências incríveis. Continuar lutando para que esta ordem também dê estas oportunidades para outros jovens é uma forma de agradecê-la por tudo que ele fez por mim. Só teremos uma sociedade honesta, justa e solidária se ensinarmos virtudes aos jovem e esse é um dos trabalhos da Ordem DeMolay. Esses dias encontrei um cartaz que fazia uma propaganda para as Lojas Maçônicas patrocinarem um Capítulo DeMolay. Lá tinha a seguinte frase: “Daqui a 50 anos... Não importará quanto dinheiro você teve, em que casa viveu ou que modelo de carro dirigiu... O que realmente importará é... se você foi importante na vida de um jovem.” É esse espírito que nos mantem sempre ativo, colaborando com a Ordem DeMolay. E claro, a satisfação de estarmos sempre entre irmãos!

O Mato Grosso do Sul exportou grandes lideranças para a Ordem DeMolay no Brasil, a exemplo de Luiz Kieling e Ederson Velasquez, dois nomes que você conviveu desde a época de DeMolay Ativo. Qual a lembrança daquela época?      

De muito trabalho! Eu tive o privilégio conviver com eles e ver a Ordem DeMolay deste estado dar um salto de crescimento diante dos meus olhos. O trabalho que foi feito serviu de modelo para todo o Brasil. Esses nomes nos ensinaram que para transformarmos um sonho em realidade é necessário muita sabedoria, esforço e dedicação. A Ordem DeMolay passou por uma grande transformação naquela época. O Mato Grosso do Sul conseguiu se estruturar rapidamente graças ao empenho do tio Kieling e do Karatê, que eram Grande Mestre Estadual e Adjunto respectivamente. Foi a união harmônica e perfeita entre a experiência de vida do tio Kieling com a experiência de Ordem DeMolay do Karatê. Eu posso dizer que tirei a sorte grande, pois tive a oportunidade de ser Mestre Conselheiro Estadual no primeiro ano de gestão deles. É claro que existem outras grandes lideranças que contribuíram muito naquela época. Não há como citar todas por falta de espaço. Mas não posso deixar de recordar do Adão Flávio Ferreira. No I CNOD ele não ocupava nenhum cargo, mas era um incansável nos bastidores organizando tudo nos mínimos detalhes. Foi também um dos responsáveis pelo saldo de crescimento que a Ordem DeMolay deste estado teve. A melhor lembrança quem vem na mente é a união e o comprometimento de todos. Independentemente da posição que cada um ocupava todos se ajudavam para alcançar os objetivos. Por isso não havia nada que era impossível. Para mim foi muito gratificante ter convivido com eles e com todos os irmãos que se dedicaram para a formação da Ordem que temos hoje. Toda vez que vejo fotos nas redes sociais do tio Kieling e do Karatê representando o Brasil lá no DeMolay Internacional eu me sinto orgulhoso de um dia ter trabalhado com eles.

Com 20 anos de iniciado, você chegou a conviver com a realidade da Ordem no Brasil antes do SCODRFB. Quais evoluções você destacaria?

O SCODRFB surgiu para ser um Supremo Conselho transparente e democrático. Por isso a Ordem DeMolay passou a ser dirigida e organizada por DeMolays e Maçons dedicados a causa da Ordem. Neste momento me recordei do que disse no discurso de abertura do I CNOD, busquei ele em meus backups e transcrevo a seguir a parte que cito qual a principal evolução que tivemos:

“É a primeira vez, em toda a nossa história, que realmente ganhamos poder de voto onde todo o capítulo tem voz e voto para escolher aqueles que irão dirigir a Ordem DeMolay de nosso país.”

Hoje todos têm o direito de participar ativamente da Ordem DeMolay. Deixamos de ser meros espectadores e passamos a ser os construtores da história.

Fonte: DeMolay

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