Circulam pelas redes sociais imagens panorâmicas de Coxim. As belas imagens proliferaram pelo Facebook e grupos de Whatsapp com a mesma rapidez que os comentários que a elas se seguiram.
Geralmente os comentários são de teor ufanista, de verdadeiras declarações de amor e de orgulho de pertencer à terra do pé-de-cedro. As imagens tem como centralidade a avenida Virgínia Ferreira, via urbana equivalente a artéria aorta por onde circulam os nutrientes necessários para manutenção da vida no silêncio dos órgãos do corpo humano.
No entanto, há quem entenda que a beleza das imagens funcionem como um tipo miragem, uma ilusão de ótica, uma vez que do solo, Coxim não concentra a mesma beleza de que dispõe as imagens.
Quem trabalha com a arte fotográfica sabe muito bem como explorar os ângulos para a captura de uma boa imagem. A principal avenida de Coxim parece ser a mais fotogênica das vias urbanas em relação às suas primas pobres das periferias.
A escolha do turno para a composição da imagem também foi adequada. O efeito dos pontos de luz em contraste com a escuridão da noite, faz lembrar (meio de longe, é verdade) obras de Caravaggio, pintor italiano renascentista que sabia como poucos explorar os truques óticos de luz e sombreamento nas composições imagéticas.
Como diz o velho ditado que "à noite todo gato é pardo", as imagens, dentro do seu campo de abrangência, deixa a impressão de homogeneidade no campo visual, que em Coxim tudo é bem iluminado.
Essa Paris pantaneira (cidade luz) é a sombra do discurso de quem em Coxim "tudo vai muito bem, obrigado".
À luz da realidade a coisa é bem diferente e quase não tem beleza. De todo modo, o responsável pela captura das imagens merece créditos pelo excepcional trabalho fotográfico.
Diferentemente da visão aérea, aqui de baixo quase não se tem bons ângulos para uma bela composição fotográfica.
Se o fotógrafo merece elogios, o mesmo não se pode dizer dos administradores do município que não tem o mesmo refinamento artístico.
Por: Valdir Silva