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Saúde

Apesar de morte, garotada continua curtindo o "barato" do chá de cogumelo

Mesmo depois da morte de jovem que caiu do viaduto, galera não pensa em parar com o consumo

13 NOV 2018Por Redação/TR06h:21

O acesso é livre e fácil. Por isso, não foi nada complicado para o Lado B encontrar uma galera que sabe onde encontrar e como preparar o chá de cogumelo em Campo Grande. Nenhum quis aparecer, mas as fotos da reportagem são deles, registradas durante um dos rituais de preparação da substância que é apontada como causa da morte de um rapaz, no dia 4 de novembro.

Diferente das outras drogas, o chá de cogumelo está no meio do mato, nas fezes das vacas e bois, facilmente encontrados após um período de chuvas constantes. O assunto ganhou destaque quando Alessandro Pacífico, de 19 anos, caiu do viaduto na Antônio Maria Coelho e morreu, mas a tragédia não abalou quem curte esse "barato" há muito tempo e garante que a droga é segura.

O apelido por aí é "cogus mágicos", porque o nome científico dele é complicado, Psilocybe Cubensiso, que em si não é ilegal por ser selvagem. Já as substâncias psilocibina e psilocina, são ambas criminalizadas e podem causar alucinações, visões e pensamentos muito rápidos, fazem objetos perderem as formas, aumentam os batimentos cardíacos e a pressão arterial.

Consumido há milhares de anos por civilizações como os egípcios, vikings, chineses de todas dinastias e por índios de todas as Américas, o chá de cogumelo tem efeito comparado com as drogas de altos níveis da psicodélica DMT (Dimetiltriptamina), substância encontrada no chá ayahuaska, usado em rituais do Santo Daime.

Na maior parte dos países da Europa, esses cogumelos são considerados drogas classe A, categoria de substâncias cujo porte e tráfico são punidos de forma mais severa.

Para consumir o cogumelo não basta só colocar para ferver e tomar. A galera geralmente promove toda uma "caravana" para ir até uma fazenda e encontrar a planta nas fezes das vacas. Mas no pasto onde a maioria procura, podem estar cerca de 10 espécies diferentes. “De acordo com um consumidor que não quis se identificar, o cogumelo mágico se difere das outras espécies porque ao ser colhido ‘‘ele fica azulado”. “Isso vem da oxidação com o oxigênio das substâncias psicoativas”. Depois de encontrado, tem gente que bebe até como suco. 

O processo é um tanto quanto nojento, mas a galera que consome se dispõe e ainda defende que os cogumelos mágicos são a droga mais segura do mundo. Por isso,  mesmo depois do choque de ver um rapaz tão jovem morrer em decorrência do consumo, não pensa em parar.

''Qualquer droga pode fazer a pessoa tomar certas decisões que não tomaria sóbrio, basta que a pessoa esteja com a mente fraca. “Até o álcool poderia ter sido a causa deste acidente”, argumenta um dos adeptos aos cogumelos.

Mas ele adverte que, até na hora de tentar algo para fugir da realidade, é preciso precaução. "É recomendado que não se tome o cogumelo quando se está com depressão, ou problema sério na família justamente pelo risco das chamadas bad vibes (vibrações ruins). O combinado é: esteja bem pra não dar bad. E não precisa tomar como se não houvesse amanhã, a pessoa tem que ter noção'', diz a jovem, de 22 anos, que também toma o chá.

Estudos até agora não indicaram quais são os efeitos a longo prazo do uso. Alguns indicam que pode potencializar casos de esquizofrenia e psicoses em pessoas que tenham predisposição para o problema. Outros refutam essa teoria. O fato é que muitos jovens usam, sem que os pais saibam e correm riscos.

Para outro adepto, a falta de discussão sobre um assunto tabu acaba levando às consequências sérias. ''Foi uma fatalidade que poderia ser evitada. A rua é um lugar perigoso para tomar alucinógenos. Qualquer coisa poderia ter acontecido com ele e seus amigos. A queda da ponte poderia ter sido uma simples curiosidade, assim como a luz de um carro vindo poderia não parecer um carro. As drogas te causam uma vulnerabilidade''.

O problema, na opinião dos entrevistados, foi o local onde ele escolheu consumir. ''O fato é que drogas são questão de saúde pública e nosso povo não tem educação ou discernimento para esses assuntos e nisso criam tabus, onde na verdade há drogas em cada esquina e na maioria das famílias, esses danos como a vida do menino poderiam ser evitados'', finaliza.

Fonte: Campo Grande News - Thaís Pimenta

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