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Saúde

A saga de uma mãe com 3 filhos e o marido com covid ao mesmo tempo

Katira foi a única que não contraiu a doença, mas ficou angustiada pela família uma experiência terrível do vírus da "incerteza"

26 NOV 2020Por Redação/ Talyta Rodrigues14h:00

Há 15 dias atrás, o marido Ari começou a relatar sintomas que muito pareciam com a covid-19. "Me dizia ser sinusite, que ele realmente costuma ter com frequência", afirmou a esposa. Mas o quadro foi piorando. Na sequência, a filha mais velha Isadora de 9 anos se sentiu mal, assim como o filho Benício de 7. "Cansaço, tosse, cheiro na garganta, nariz escorrendo", alegavam. Até a menininha Betina, bebê de 5 meses, estava "estranha", quente, inchada e com choro irregulares, como se fosse a época da dentição. Na casa, a mãe Katira era a única que estava aparentemente "bem".

"Me passou um filme na cabeça. Será que meu marido e meus filhos vão ficar bem? Será que eu também estou com a doença? Será que vão todos ficar internados? Será que vamos sair dessa?", se questionou Katira de Carli, a mãe de 35 que foi a única a não contrair no seu núcleo familiar o que ela chama de "doença da incerteza".

Quando finalmente saiu o diagnóstico positivo pra covid, me veio um sentimento de impotência, medo, tudo que era coisa ruim. O psicológico pega muito nessa hora. Senti tudo que era sintoma, mesmo depois de ter feito vários testes PCR, todos descartando o coronavírus", admite.

O resultado da confirmação da doença nos filhos e marido de Katira saiu na terça-feira (24). Ela, que é farmacêutica de formação, afirma ter ficado confusa tanto quanto profissional de saúde quanto a mãe zelosa que é, por mais que hoje em dia não exerça mais as atividade ligadas à farmácia.

"Chorei muito. Aqui em casa sou conhecida por ser a 'louca da covid'. Nos cuidamos, não saímos, fazemos juntos todo o ritual de protocolos. Quando a notícia do coronavírus chegou pra gente, eu simplesmente pirei. É muito pesado aliar o lado profissional e o de mãe quando se sabe o que está acontecendo".

Katira tem razões a mais para ter ficado com seu psicológico abalado. Quando ainda bebê, o filho Benício contraiu coqueluche da irmã Isadora, que é asmática. O menino ficou 20 dias na UTI, na incerteza do "morre ou não morre" – uma angústia que ela não deseja a ninguém. Mais recentemente, Betina nasceu bem no pico da pandemia, em junho.

Tive que recorrer a terapia e também às prescrição de um psiquiatra. Qualquer respirada fora do lugar eu já ficava desconcertada. Meu coração dizia que era só uma 'gripezinha', mas minha cabeça sabia que era algo mais sério".

Além do PCR, todos da família – inclusive Katira – recorreram ao exame de tomografia, o que dá uma confiabilidade a mais por mostrar o quadro "atualizado" em cada paciente. O marido Ari teve comprometimento de 25% nos pulmões, o que é considerado leve. Para alívio dos pais, as três crianças não apresentaram nenhuma agravamento. Ainda afetados, pelos menos todos encontram-se bem, sem a necessidade de internação. Hospital? Só para as testagens.

"Hoje eu tô muito mais consciente que todo mundo tá realmente sujeito a pegar covid. Sem vacina não há menor segurança. É um vírus que não mostra a cara, e pra cada um dos meus filhos e marido surgiu de uma maneira diferente".

Por mais que Katira esteja aliviada pela "crise ter passado" na família e tudo esteja se encaminhando para o melhor, o que ainda a intriga é o fato de não ter contraído a doença. "Na ciência do coronavírus, ainda temos muitas perguntas a serem respondidas".

"Como mãe e profissional da saúde, é um desespero muito grande por conta da incerteza da situação, da evolução da doença. Não se pode avaliar pelo o outro, com o vizinho, o amigo, temos que zelar por nós mesmos. Cabe a todos nós nos cuidarmos", considera.

Mas estamos vivendo um dia de cada vez. Nesta sexta-feira acaba tudo, dá os 15 dias da transmissão. Vamos continuar seguindo os protocolos de isolamento, exames e medicamentos tudo direitinho. Pra gente, o sábado vai ser de alegria, uma pequena celebração só pra nós".

"Sábado agora vai ser de churrasco pra comemorarmos a luta da doença" (Foto: Arquivo Pessoal)

Por: Raul Dalvizio – Campo Grande News

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