Esquema de compra de votos envolveu assessores e secretários, aponta denúncia

O suposto esquema de compra de votos nas eleições de 2020 em Nova Andradina - cidade localizada a 300 km de Campo Grande - teria contado com a participação de pelo menos 20 pessoas, conforme a denúncia já entregue ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que agora investiga o caso e está na fase de colheita de provas.

Um dos alvos da apuração é o prefeito de Nova Andradina, Gilberto Garcia (PL), nome ao qual os votos deveriam ser destinados, segundo a denúncia - feita por pessoa que frisa fazer parte do esquema e tinha relação direta com o prefeito. Secretários e assessores também são apontados, sem citação de nomes, como envolvidos.

"O Amarelinho [ex-vereador Vailton Sordi, do MDB] era só um intermediário. Minha relação era com o Gilberto", crava o denunciante, que não terá seu nome revelado. "Eu era o final da ponta do iceberg. Lidei com uns seis, mas deve somar uns 20", completa.

Várias gravações sobre a situação circularam em grupos do WhatsApp, sendo que todo esse conteúdo, além de outros que ainda não tinham ido à público, foram entregues ao MP na sexta-feira (6). Também foi colhido depoimento sobre a denúncia.

Uma dessas gravações falava sobre suposta distribuição de centenas de tênis e bolas para a população. Uma entrega de cestas básicas também foi usada para atrair famílias para uma reunião política do candidato a vereador Rogério de Souza (PDT). O suposto esquema veio à tona em dezembro, quando o denunciante resolveu delatar o caso.

"O esquema era para reeleger o Gilberto. Era para tentar derrubar o Roberto Hashioka [ex-prefeito e ex-secretário estadual de Administração, do PSDB] que estava em primeiro nas pesquisas e reeleger o Gilberto", conta o denunciante. Gilberto Garcia acabou mesmo reeleito, com mais de 11 mil votos - enquanto Hashioka teve 9,2 mil.

Suposta chantagem

Em contraponto, o prefeito Gilberto Garcia afirma estar sendo alvo de chantagem e tentativa de extorsão. Em contato com a reportagem, ele nega todas as acusações e revela ainda que fez uma representação na Polícia Civil, que deve instaurar um inquérito para apurar a situação, em breve.

"Estou só esperando o Ministério Público nos chamar para irmos lá e apresentar a nossa versão", conta Garcia, por telefone, ao Campo Grande News. "Não tem nada material que prove isso que está sendo falado", completa, sem revelar se o denunciante entrou em contato pedindo dinheiro ou favor, o que configuraria de fato extorsão.

Amarelinho não foi encontrado em nenhum dos dois números cadastrados por ele na Justiça Eleitoral para as eleições de 2020. Um deles foi atendido por outra pessoa, enquanto o outro consta como inexistente. Já Rogério chegou a atender a ligação da reportagem, mas alegou que a ligação estava cortando e a chamada foi encerrada.

Nyelder Rodrigues – Campo Grande News