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Estado MS

Menina de 12 anos vítima de estupro virtual em MS não quer retornar para casa: 'Chora e bate o pé que não volta'

19 JAN 2019Por Paulo Ricardo16h:35

A menina de 12 anos, que está entre as 19 vítimas de estupro virtual e difamação em Bonito, a 278 km de Campo Grande, está prestes a retomar o período escolar e diz que não quer mais voltar para casa. De acordo com a mãe, uma cozinheira de 36 anos, que não será identificada, a vítima teve a imagem copiada das redes sociais e depois reproduzida em um vídeo, com xingamentos.

"Ela está em Campo Grande, o pai está conversando muito com ela. Mas, ela só chora e bate o pé que não volta. Todas as mães se reuniram e registraram o boletim de ocorrência, entregando algumas provas com a suspeita de um casal e também de uma internauta, que fez uma postagem pedindo desculpas e, em seguida, apagou. É um absurdo o que fizeram, na minha família todo mundo está revoltado", afirmou a mãe.

Segundo a cozinheira, a foto dela é usada no vídeo, com palavras muito pesadas. "Minha filha é bem criança, inocente, nem sai de casa, é da escola para o futebol e só isso. Eu estou sempre monitorando o celular e agora estou vendo até psicólogo pra ela. Muitas conhecidas ficaram mandando mensagens, dizendo que a viram no vídeo e ela acha que vai ficar sendo apontada e xingada na escola. Pelo jeito, vou ter que ir a Campo Grande convencê-la de vir embora", lamentou.

Outros casos

Além de Bonito, municípios como Sonora, Rio Brilhante e Ribas do Rio Pardo também registraram casos de difamação, envolvendo adolescentes em vídeos semelhantes. Conforme a polícia, a hipótese inicial não é de um grupo organizado, porém de fatos isolados, alguns envolvendo o crime de estupro virtual. Em todos os casos, as vítimas tiveram fotos copiadas das redes sociais em um vídeo, no qual são xingadas e o conteúdo foi espalhado na internet e WhatsApp.

Em Sonora, a 366 km de Campo Grande, a apuração do ato infracional envolve uma adolescente e o namorado dela, suspeitos de criar um vídeo, em que usam fotos de diversas meninas da cidade e as difamam com músicas e xingamentos. As vítimas vão de 15 a 17 anos e a suspeita teria feito o vídeo por ciúmes, ainda conforme a polícia. Nesta terça-feira (15), o delegado Daniel Luiz da Silva, responsável pela investigação, disse ao G1 que eles ainda não foram encontrados e as buscas continuam.

Já em Ribas do Rio Pardo, a 84 km da capital sul-mato-grossense, quatro pessoas, entre elas dois adolescentes, de 12 e 17 anos, foram encaminhadas para a delegacia, após difamarem vítimas nas redes sociais e também em grupos de WhatsApp. O indiciamento dos envolvidos ocorreu no último dia 8.

De acordo com as investigações, uma adolescente teria criado um vídeo, em que denegria várias meninas da cidade. Em seguida, um adolescente teria compartilhado na internet, o que gerou comentários ofensivos de suspeitos de 18 e 21 anos.

Um deles falou que "todas as meninas do vídeo seriam marmitas e que quem criou o grupo deveria ganhar um prêmio". Já o outro reforçou o comentário do amigo, falando que as faria de "marmitex". Revoltadas, as vítimas comentaram que as imagens tiveram grande repercussão na cidade, além de outros municípios, como Campo Grande, Água Clara e Três Lagoas, na região leste do estado.

Os jovens de 18 e 21 anos permaneceram presos em flagrante. Já os adolescentes respondem ao crime em liberdade, por conta do Estatuto da Criança e o Adolescente (ECA). Ao todo, eles respondem por 11 crimes de difamação, já que, até o momento, foi este o número de vítimas identificadas. A pena para difamação é de detenção, de seis meses a dois anos, além de multa.

Intimidade exposta

Conforme o delegado Wellington de Oliveira, assessor de comunicação da Polícia Civil, a primeiro passo é registrar queixa. "Por enquanto, não podemos falar em algo organizado. Nestes casos, não existe só o crime de difamar, caluniar e injuriar. Temos uma criança entre as vítimas, então quando você a chama de puta, por exemplo, está dizendo que ela transa e pratica atos obscenos. É um caso de estupro virtual, que inclusive já causou condenação em outros estados e infringe o ECA", explicou.

Nestes casos, é possível que seja feita a quebra de sigilo telefônico e telemático. "Quem propaga estes conteúdos também pratica crime, mesmo que inocentemente. Aquele que diz: vou repassar só para outras pessoas tomarem conhecimento, também está errado. Tivemos as prisões em Ribas do Rio Pardo recentemente, são casos em que extravasa o senso de intimidade e reforço que a recomendação é registrar o boletim de ocorrência", finalizou.

Fonte: G1 MS - Graziela Rezende

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