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Prefeito de Abadiânia teme perda 'monstruosa' de empregos após denúncias de abuso sexual contra médium João de Deus

Cidade com 19 mil habitantes atrai, por mês, quase a mesma quantidade de turistas por causa dos atendimentos na Casa Dom Inácio de Loyola. João de Deus nega as acusações.

12 DEZ 2018Por Redação/TR20h:13

Com cerca de 20 mil atendimentos de brasileiros e estrangeiros por mês, a Casa Dom Inácio de Loyola emprega 40 funcionários e motiva, indiretamente, 1,2 mil postos de trabalho em Abadiânia, cidade do Entorno do Distrito Federal com 19 mil habitantes. O prefeito do município, José Aparecido Alves Diniz (PSD), teme um “prejuízo monstruoso” se os turistas pararem de frequentar a cidade após as acusações de abuso sexual contra o médium João de Deus, que nega os crimes.

“A prefeitura tem 580 funcionários. A casa provoca mais do que o dobro de empregos indiretos, mas ainda não tenho como mensurar como vai ser o impacto das denúncias porque temos de esperar para ver se as pessoas vão deixar de vir. A gente vai ter noção daqui uns 15 dias”, avalia o prefeito.

Apesar do impacto nos empregos, o prefeito afirma que a maioria da receita da cidade não vem do turismo, mas sim do Fundo de Participação dos Municípios. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforça que 72,4% das receitas de Abadiânia são oriundas de verbas estaduais e federais. Em seguida, aparecem a agricultura e a pecuária.

A cidade tem 83 pousadas cadastradas junto à Casa, mas, conforme o prefeito, a maioria delas é informal e, assim, não gera renda ao município. Além disso, os clientes não pedem nota fiscal e, muitas vezes, o imposto não é calculado.

Mudança da 'água para o vinho’

Há 14 anos trabalhando com João de Deus, um funcionário de 61 anos, que prefere não ser identificado, calcula que são realizados 5 mil atendimentos por semana, os quais não têm custo. Também não é necessário marcar um horário para ser atendido.

O funcionário afirma que nasceu na cidade e que o município mudou completamente após a fundação do templo, em 1976. Localizada a 100 km de Goiânia e a 100 km de Brasília, a cidade atrai, inclusive, celebridades e políticos do Brasil e de outros países.

“A mudança de Abadiânia é da agua para o vinho. A cidade cresceu em todos os sentidos e a Casa ajuda de forma indireta e até mesmo direta. Antes não tinha turismo”, afirma o funcionário.

 Denúncias de abuso

O jornal "O Globo", a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.

O Ministério Público e a Polícia Civil de Goiás já abriram inquéritos para apurar todas as denúncias. Inclusive, os promotores divulgaram um email exclusivo para que as vítimas façam seus relatos: denuncias@mpgo.mp.br .

“É preciso que enviem os contatos para que entremos em contato posteriormente. Só os promotores da força-tarefa vão receber o e-mail”, disse a coordenadora do Centro de Apoio Operacional (CAO) dos Direitos Humanos, PatrÍcia Otoni.

Segundo o órgão, já existiam denúncias contra João de Deus desde 2010. Em 2012, ele chegou a ser julgado por abuso sexual, mas foi inocentado por falta de provas.

João de Deus nega acusações

O advogado Alberto Toron, que defende o médium, afirmou que o cliente nega as acusações e que ele está à disposição da Justiça para esclarecimentos.

“Muito enfaticamente ele nega. Ele recebe com indignação a existência dessas declarações, mas o que eu quero esclarecer, que me parece importante, é que ele tem um trabalho de mais de 40 anos naquela comunidade, atendendo a todos os brasileiros, gente de fora do país, sem nunca receber esse tipo de acusação”, disse.

Além disso, o advogado esclareceu que o padrão de João de Deus era atender a todos em grupo. “Eventualmente atendeu alguma pessoa, alguma autoridade sozinho, isso é um episódio localizado. Mas pessoas, mulheres, crianças em geral, eram atendidas coletivamente diante de um grande número de pessoas”, continuou.

Por fim, disse que o cliente vai colaborar com as investigações. “Achamos que tudo isso deve ser objeto de uma investigação marcada pela seriedade e nós esperamos que isso aconteça para que a verdade venha à tona”, concluiu Toron.

Por Paula Resende, G1 GO

 

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