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Brasil

Após teste, circulação de trem ao lado de viaduto que cedeu na Marginal Pinheiros é liberada

18 NOV 2018Por Paulo Ricardo18h:00

Após testes na manhã deste domingo (18), equipes da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Prefeitura liberaram a circulação de trens com passageiros da Linha 9-Esmeralda ao lado do viaduto que cedeu 2 metros na Marginal Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, na última quinta-feira (15).

A única restrição é que as composições terão de passar com velocidade reduzida pelo trecho do incidente

Um trecho de 20 km da via que cedeu continua interditado por tempo indeterminado. Já duas estações de trens, que ficam ao lado da Marginal Pinheiros e estavam fechadas desde o incidente, foram liberadas.

O primeiro teste com os trens foi com uma composição vazia, só com o maquinista. O segundo teste foi com um trem com passageiros. Eles passaram nesta manhã em um trilho próximo ao trecho interditado da Marginal Pinheiros para saber como o viaduto se comporta com a passagem de trens. Foram usados equipamentos que mediram a vibração na estrutura de concreto.

De acordo com Vitor Aly, secretário da Secretaria de Infraestrutura e Obras (Siurb) da Prefeitura, os trens terão de circular com a velocidade reduzida, a 20km/h (a velocidade média fica em torno de 60 km/h).

As estações Cidade-Universitária e Villa-Lobos/Jaguaré, que tinham sido fechadas, poderão ser reabertas aos passageiros, bem como os trens poderão voltar a circular nos trilhos. Também poderá ser liberada a circulação de trens em toda a extensão entre as estações Pinheiros e Ceasa.

As estações foram interditadas por causa do risco de desabamento no viaduto, que é monitorado 24 horas por dia por técnicos. Parte do viaduto cedeu e deixou um degrau de 2 metros de altura na via.

Cinco veículos ficaram danificados por causa do desnível no dia que o viaduto cedeu na sexta. Apenas um dos ocupantes dos veículos teve escoriações. O viaduto está localizado na pista expressa da Marginal Pinheiros, no sentido da rodovia Castello Branco, em frente ao Parque Villa-Lobos.

Nesta manhã de domingo (18), equipes dectaram um aumento de 3 milímetros nesse desnível. Antes, eles já tinham registrado uma oscilação no mesmo ponto: 1 centímetro do lado direito do viaduto e 1,2 centímetro do lado esquerdo da via. Isso ocorreu por causa da mudança de temperatura na cidade.

Nesta madrugada também teve continuidade o trabalho de sustentação da estrutura de concreto do viaduto que cedeu na Marginal Pinheiros. Funcionários trabalharam na parte de baixo do viaduto fazendo o escoramento do local.

Na parte de cima do viaduto, onde foram colocados tapumes e bloqueios para evitar a aproximação de carros e pessoas, ficaram equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e Polícia Militar (PM).

Como um trecho de 20 quilômetros da pista expressa da Marginal Pinheiros está interditado, o tráfego de veículos permanece liberado apenas na pista local da via, no sentido à Rodovia Castelo Branco. No fim da noite de sábado (17), o fluxo foi mais intenso.

Perícia

Técnicos ainda apuram o que fez o viaduto da Marginal Pinheiros ceder. Mas as primeiras análises do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico-Científica sugerem um problema nos chamados travesseiros ou colchões de neoprene, que tem função semelhante à de um "amortecimento" para a estrutura de concreto de viadutos.

O material é super-resistente, pode durar até cem anos se tiver boa manutenção. Mas no caso do viaduto que cedeu na Marginal Pinheiro, o travesseiro deveria ter uma espessura bem maior.

É o que avalia o engenheiro Catão Francisco Ribeiro, que já projetou mais de quatro mil pontes, entre elas a Estaiada.

“O aparelho de apoio já estava inoperante, estava comprometido pela durabilidade porque ele era muito baixinho para a deformação que ele tinha que suportar. Então ele foi subdimensionado. Quando o projeto foi concebido com neoprene muito baixo, ele teria que ser bem mais alto para suportar a deformação”, disse o engenheiro Ribeiro.

Encontramos um amortecimento semelhante em uma ponte no Rodoanel. Os travesseiros costumam ficar escondidos em frestas com em uma ponte na via. Parecem só um detalhe perto da imensidão de um viaduto, mas são essas peças que ajudam a dar estabilidade às estruturas de concreto.

E o nome traduz bem as várias funções que elas têm: amortecer a vibração provocada pela passagem dos carros, suportar a dilatação e a contração natural do concreto e ainda evitar o contato direto das estruturas de concreto.

O engenheiro diz ainda que os pilares que sustentam o viaduto tinham que ser maiores para apoiar melhor a pista, que ele chama de superestrutura.

“Nessa circunstância que o pilar é pequeno é que a parte da superestrutura sai de cima do pilar ou fica bem na quina. Você tem uma situação em que você está com a superestrutura aqui, o pilar está aqui e ela fica na quina, quebra e cai”, disse Ribeiro.

Fonte: G1 SP - Lívia Machado

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