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Artigo

Por que não damos dinheiro de presente?

Samy Dana é blogueira do G1, o portal de notícias

10 DEZ 2018Por Redação/TR13h:32

Na teoria, dinheiro é o presente perfeito. Dá ao presenteado a liberdade de escolher o que quer ganhar e permite aproveitar ao máximo os benefícios do valor recebido. Já um presente consiste apenas no bem ou experiência presenteados, com só uma chance de agradar. Mesmo assim o tabu persiste: não é bem visto dar dinheiro de presente.

Economistas costumam prestar atenção à utilidade dos gastos, por isso muitos defendem uma mudança na tradição. Para começar, dar dinheiro de presente, pondera Joel Waldfogel, evita o desperdício. Em um artigo publicado em 1993 no The American Economic Review, ele estima que quem presenteia paga em média de 10% a 35% a mais pelo presente do que o presenteado pagaria.

Waldfogel examinou os dados de duas pesquisas com 142 estudantes de graduação de Yale. Entrevistados sobre o que tinham recebido de presente no Natal, de que tinha recebido e por qual valor teriam comprado os presentes eles mesmos, a diferença era de quase 40%.

Pode não ser muito se aplicado a um único presente, mas os brasileiros devem gastar R$ 53,5 bilhões com as compras de Natal este ano, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Aplicados os mesmos percentuais, algo entre R$ 5,3 bilhões e quase R$ 16 bilhões serão gastos à toa.

Amigos e pessoas mais próximas costumam acertar os nossos gostos, segundo responderam os estudantes no estudo de Waldfogel. O problema está nos presentes comprados por parentes mais distantes e conhecidos. Aí as escolhas são mais equivocadas. Muitos, apesar de caros, não têm nada a ver com o presenteado.

Neste caso, defende o economista, é melhor dar um cheque-presente ou, de preferência, determinada quantia, satisfazendo mais o presenteado e usando melhor o valor. É um forte argumento a favor do dinheiro, mas a troca de presentes, pondera outro estudo clássico, também é uma forma de troca social.

Trocando presentes, comunicamos às pessoas o afeto que temos por elas, apontam Paul Webley, Stephen Lea e R. Portaska no trabalho, publicado em 1983 no Journal of Economic Psychology. Mesmo equivocados ou quando há desperdício de dinheiro, presentes são preferíveis porque simbolizam um esforço na escolha e também envolvem um elemento-surpresa.

Os três pesquisadores entrevistaram estudantes e mães perguntando se achavam que dinheiro é um presente aceitável. Na maioria dos casos, a resposta foi negativa. Os dois grupos concordavam com um argumento: sem dar dinheiro, as pessoas precisam pensar no que vão presentear.

Mas uma curiosidade: quando um grupo foi convidado a decidir quanto gastaria se realmente presenteasse alguém com dinheiro, o valor médio, 12,50 libras (32 libras em valores atuais), foi mais do que o dobro do que as 5,50 libras (14 libras de hoje) que outro grupo, encarregado de um presente convencional, pretendia gastar.

E você, prefere presentear com dinheiro ou dar um presente de verdade? Seja qual for a resposta, ambas as escolhas têm vantagens e desvantagens. Mas o que vale mesmo é a intenção.

Por: Samy Dana, G1

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