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Saúde

Doenças psicológicas “encostaram” 956 servidores

Professores e profissionais de educação são a maioria dos casos

14 AGO 2018Por Redação/OJ13h:00

Este ano, 956 servidores da Prefeitura de Campo Grande e do governo estadual precisaram ser removidos de seus cargos originais e recolocados em funções distintas por problemas de saúde. Professores e outros funcionários da educação formam a maioria dos afetados, com 832 procedimentos. Transtornos psicológicos e psiquiátricos são apontados como as principais causas.

Os demais 124 servidores são de setores como a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), no âmbito do Estado, e a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), entre outros.

Somente na Rede Municipal de Ensino (Reme), foram realizadas 363 readaptações provisórias – quando o servidor é afastado de suas funções para executar tarefas mais compatíveis com sua capacidade física e mental, com base em parecer médico.

Outros 32 funcionários públicos municipais foram readaptados de forma definitiva em 2018. O procedimento é realizado após dois anos de readaptação provisória.

Todos os trabalhadores afastados permanentemente são lotados na Secretaria Municipal de Educação (Semed). Desses, 20 são professores.

A secretária de Educação, Elza Fernandes Ortelhado, explica que os professores readaptados deixam as salas de aula para se dedicar a serviços menos estressantes. “Acabam compondo alguma equipe pedagógica, vão para bibliotecas”, diz.

Segundo Elza, os servidores diagnosticados com algum transtorno psiquiátrico ou psicológico são acompanhados pelo setor psicossocial da Semed.

Quando a readaptação é provisória, um professor substituto é contratado para evitar desfalques nas escolas. Se o processo for definitivo, a prefeitura convoca um professor concursado para assumir a vaga.

A médica psiquiatra Karina Cestari de Oliveira costuma atender educadores com sintomas de depressão e ansiedade. De acordo com ela, condições precárias de trabalho e situações de conflito são os gatilhos mais comuns para o adoecimento.

“Esses sintomas são decorrentes de alguma situação de desavença no ambiente de trabalho, conflitos traumáticos com alunos, agressões verbais e, até mesmo, físicas”, reforça.

A psiquiatra alega que o problema é recorrente. Conforme Karina, salas de aula com número reduzido de estudantes e redes de apoio ao professor podem ser saídas para minimizar danos à saúde mental dos educadores.

PERSEGUIÇÃO

A depressão tirou o giz das mãos de uma professora da Reme, de 49 anos, que não terá sua identidade revelada. Ela foi readaptada e deve voltar à sua função no ano que vem.

A professora conta que foi vítima de perseguições na escola em que trabalhava. Mesmo com currículo extenso e experiência, foi isolada pela direção. A piora no estado de saúde da mãe, que acabou morrendo no mês de maio, contribuiu para seu adoecimento.

“Eu já não estava conseguindo dormir direito. Minha mãe sofreu um AVC [Ataque Vascular Cerebral] e estava acamada há dez anos. Precisava cuidar dela, mas, na escola, tudo dificultava. Acabei deprimida e o médico achou melhor eu me afastar um pouco”, conta.

Otimista em sua recuperação, a professora quer voltar às salas de aula no ano que vem. Por enquanto, desempenha a função de coordenadora pedagógica. “Eu temo por outras colegas que também são perseguidas. Sei de professores que já tentaram tirar a própria vida”.

O Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP) trabalha em uma pesquisa para atualizar informações sobre a saúde dos professores e a violência por eles nas escolas.

O levantamento é feito em parceria com o Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande (IMPCG) e pretende ajudar a traçar políticas públicas para minimizar o adoecimento dos educadores. O presidente da ACP, Lucílio Souza Nobre, afirma que o estudo deve ser finalizado em setembro.

ESTADO

Em Mato Grosso do Sul, 469 readaptações foram autorizadas pela Secretaria de Estado de Educação (SED), entre janeiro e a primeira semana deste mês.  Os professores respondem por 244 desses procedimentos, enquanto servidores administrativos dão conta dos outros 225 processos.

A titular da SED, Maria Cecilia Amendola da Motta, reconhece que as readaptações “acabam causando desfalques e tem de haver mais contratações de temporários”.

“Nós colocamos o professor para fazer acolhimento dos alunos, dar aulas de reforço, ou em alguma outra função que não seja a que causou o problema que levou à readaptação”, completa.

De acordo com a SED, a rede de ensino tem 10,1 mil professores temporários. O número total de educadores nas escolas estaduais é de 18,3 mil.

Fonte: Correio do Estado

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