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Profissões

Apaixonada por dança e matemática, bailarina concilia Domingão e faculdade de engenharia civil

19 SET 2017Por Valdeir Simão e Youssef Nimer07h:49

Há cinco anos, Ana Paula Guedes passa parte do domingo na televisão aberta, ao vivo, no palco do Domingão do Faustão, junto com as outras bailarinas do programa. No restante da semana, ela equilibra sua agenda com os ensaios do trabalho e as aulas de graduação em engenharia civil. Em entrevista ao G1, ela contou um pouco sobre a sua rotina e por que persegue duas áreas vistas como tão diferentes (assista no vídeo acima).

"Eu amo dançar, essa é a minha paixão. Comecei a dançar com quatro anos de idade, comecei a dar aula aos 12 anos, dançar é o grande amor da minha vida", disse ela, para depois emendar:

    "E sempre gostei muito de matemática, de construir. Quando pequena eu já desenhava casa, eu gosto muito desse lado de projetar. Inclusive é o que pretendo seguir: quero ser projetista. É algo que vai me permitir conciliar tudo, essa veia artística e esse lado do cálculo, que é meio louco, mas eu amo." (Ana Paula Guedes)

Formada em sapateado, balé clássico e jazz, foi na dança que ela estreiou. Mas, ao definir sua carreira após o colégio, foi a faculdade que ela começou primeiro, aos 17 anos, quando passou de primeira para uma vaga em engenharia civil na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Pouco depois, ela ficou sabendo que havia sido aprovada – também de primeira – para integrar a equipe de bailarinas do Domingão do Faustão.

Dedicar o pouco tempo livre a um curso que exige tanto estudo fez o apelido de 'nerd' nascer logo. "Dizem que sou ['nerd']. Eu não gosto de me rotular muito dessa forma não, mas todo mundo fala, inclusive na faculdade também. Até os professores. Porque realmente fica todo mundo meio que embasbacado porque eu não tenho o tempo que as outras pessoas têm para estudar, por conta das gravações e dos ensaios. Mas consigo conciliar tudo, eu nunca reprovei."

Duas transferências para seguir estudando

Como na UFRJ o curso de engenharia civil é integral, no segundo semestre ela acabou transferindo sua matrícula para a Universidade Veiga de Almeida, onde tinha gabaritado a prova do vestibular. "Prestei vestibular em várias universidades. Ainda estava estudando, e lembro muito da minha avó me ligando e falando que a universidade ligou na minha casa informando que gabaritei a prova. Ela estava aos prantos quando me deu essa notícia", relembra Ana Paula.

Em 2015, porém, todas as gravações do Domingão do Faustão foram transferidas para São Paulo, e a jovem trouxe na mala a determinação de seguir com os estudos. Atualmente com 23 anos, ela cursa engenharia civil na Universidade Anhembi Morumbi. "Sempre fiz todas as disciplinas", afirmou ela, que garante nunca ter reprovado. "Agora, como estou de transferência, tem algumas matérias que eu não precisava fazer porque já havia feito."

Atualmente, o único dia em que Ana Paula não tem compromissos é a segunda-feira. Mas ela não reclama. "Eu sou muito agitada. Eu não consigo ficar quieta, gosto mesmo de trabalhar, gosto de estudar, e acho que realmente estou em um momento de fazer tudo o que eu quero fazer."

A perspectiva de uma rotina atribulada, que hoje é seguida por mais de 300 mil fãs no Instagram, não a demoveu do seu plano original. A estudante diz que nunca pensou em outra carreira, nem mesmo a de arquitetura, que tem uma carga horária menor do que a engenharia civil. "Não cheguei a pensar em arquitetura. O arquiteto não pode assinar tudo o que um engenheiro pode, então, como eu gosto de fato de cálculo, optei pela engenharia logo."

Daqui a dez anos

A atual rotina corrida não tem data para acabar, segundo Ana Paula – nem mesmo quando ela colar grau. "Ainda tenho vontade de fazer um curso de design de interiores para unir o lado do cálculo e o artístico", conta ela, que não se preocupa com o futuro da carreira na engenharia civil, mesmo com a atual queda no número de empregos.

"Claro que na época que optei por essa faculdade o nosso país estava aguardando Olimpíada, Copa do Mundo, e isso acarretava várias obras e projetos em diversos estados. Agora o nosso país está passando por um momento muito difícil, e isso não se restringe só à engenharia", explica ela, mas sem deixar de colocar a questão no contexto mais amplo.

Para os vestibulandos em dúvida, ela dá um empurrãozinho: "A engenharia não trata só de construir prédio, por exemplo. Ela serve para solucionar os problemas da população, e isso vai desde criar uma capinha de celular, que não deixa o celular quebrar. Isso é uma engenharia. Tapar o buraco de uma via é engenharia, solucionar os meios de transporte, horários, isso é engenharia. É uma coisa de que a civilização vai precisar para sempre."

E para quem tem medo de experimentar uma carreira e se arrepender, Ana Paula também se prontificou a trazer calma.

    "Acho que a gente tem que conhecer muito bem a profissão antes de optar por ela. Hoje no Brasil a gente tem que escolher muito cedo o que a gente quer para o nosso futuro, mas a gente tem que saber que se a gente começar uma faculdade e ver que não isso que quero, não tem problema. O que você aprendeu não vai ser esquecido e um dia você ainda vai precisar disso."

Fonte: G1

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