Brasil

Pelo menos 70 clientes da Caixa foram vítimas de quadrilha que roubava valores de poupanças, diz PF

17 SET 2017 • POR Valdeir Simão e Youssef Nimer • 07h52

Pelo menos setenta clientes da Caixa Econômica Federal foram vítimas do esquema criminoso investigado pela Operação Duas Caras, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (15). Através da ajuda de um funcionário de carreira do banco, os criminosos desviaram R$ 1,3 milhão dos clientes, segundo a Polícia Federal (PF).

O alvo dos criminosos eram os clientes com contas com grandes saldos que não tinham histórico de movimentação, segundo a PF. Entre eles estão aposentados, empresários e um jogador de futebol. As vítimas lesadas foram ressarcidas pela Caixa, afirmou a PF.

Até a publicação da reportagem, 12 pessoas tinham sido presas e um dos mandados de prisão ainda estava em aberto porque o alvo não foi localizado. Vinte pessoas foram indiciadas pela PF.

Os presos serão levados para a Superintendência da PF, em Curitiba.

Sérgio Rodrigues de Oliveira foi preso em Curitiba e é suspeito de liderar o esquema. De acordo com o delegado Rodrigo Martins Morais da Silva, o líder ficava com grande parte do valor. Para o funcionário da Caixa Francisco Casamasmo Júnior, era repassado 20% do valor desviado. Os demais criminosos recebiam um percentual menor.

O funcionário atuou em uma agência na Região Metropolitana de Curitiba e foi transferido para a Paraíba. Ele foi preso em João Pessoa.

O G1 tenta contato com os advogados de Sérgio Rodrigues de Oliveira e de Francisco Casamasmo Júnior.

Em nota, a Caixa Econômica Federal informou que "está colaborando com as investigações da Polícia Federal e que manterá cooperação integral com os trabalhos".

Os crimes investigados na operação são furto qualificado, estelionato qualificado, peculato, que é quando um funcionário público se apropria de valor ou bem público, uso de documento falso, falsificação de documento público e associação criminosa.

Entenda como funcionava o esquema

O esquema funcionava em seis etapas, sendo a última a parte das transações financeiras como saques nos caixas eletrônicos nos valores de R$ 1,5 mil e de R$ 5 mil na boca do caixa.

    -O funcionário da Caixa pesquisava e identificava contas poupança de clientes com grandes saldos e que não apresentavam histórico de retiradas.

    -O funcionário informava todos os dados ao líder do grupo, que repassava para os demais integrantes da quadrilha.

    -Com os dados dos clientes, os criminosos falsificavam os documentos com as mesmas fotos dos documentos originais, inclusive, com a ajuda de funcionários de cartórios, segundo a PF.

    -Na sequência, os criminosos se passavam pelos clientes e ligavam para a Central de Atendimento da Caixa e informavam a perda do cartão. Como todos os dados falsos batiam com o cadastro dos clientes, o funcionário que estava do outro lado da linha efetuava o procedimento de cancelamento e fazia o pedido de outro cartão para o endereço original dos clientes.

    -Para obter os cartões, os integrantes da quadrilha iam até as proximidades do endereço dos clientes para esperar a entrega dos Correios. Ao perceber a presença dos carteiros, os criminosos fingiam ser os reais donos dos cartões e interceptavam o funcionário dos Correios, que acabava entregando os objetos.

    -Com os cartões em mãos, os "executores" do crime iam até as agências e, com a documentação falsa, os desbloqueavam e efetuavam os saques. Segundo a PF, foram realizadas aproximadamente 400 transações financeiras.

Mandados judiciais

Ao todo, a Operação Duas Caras expediu 56 mandados judiciais, sendo 23 de busca e apreensão, seis de prisão preventiva, sete de prisão temporária, 13 de condução coercitiva, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento, seis de sequestro de bens e um mandado de suspensão do exercício da função pública por equiparação.

Até a publicação da reportagem, um dos mandados de prisão ainda não tinha sido cumprido. A PF não especificou se a ordem é temporária ou preventiva.

No Paraná, os mandados foram cumpridos em Curitiba, Colombo, Fazenda Rio Grande, Almirante Tamandaré, São José dos Pinhais, Matinhos e Guaratuba; em Santa Catarina, em Palhoça; e na Paraíba, em João Pessoa.

Fonte: G1