Primavera chegando: estação traz temperaturas altas a Mato Grosso do Sul
14 SET 2025 • POR Redação/EC • 08h51Como canta Nando Reis: “Espera a primavera”. A estação se aproxima com a expectativa de calorão para os próximos dias em Mato Grosso do Sul. Contudo, o clima deve ser menos extremo comparado ao período registrado em 2023, quando até uma nuvem de poeira comprometeu a qualidade do ar em Campo Grande e outras cidades.
A estação começa oficialmente em MS no dia 22 de setembro, sendo considerada um período de transição entre a seca do inverno e as chuvas do verão na região central do Brasil. Nesse período, é comum a maior ocorrência de tempestades de rápida duração, chuvas intensas, fortes rajadas de vento e possibilidade de granizo.
Vinicius Sperling, meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), explica que a estação recebe o início da convergência de umidade vinda da Amazônia e o retorno mais regular das chuvas. No entanto, a primavera também registra elevação gradativa das temperaturas, devido à maior incidência de raios solares.
Calor intenso
“Quando não se estabelecem as chuvas regulares, a gente tem as maiores temperaturas do ano aqui no Estado. Se observarmos o ranking de 2023, as maiores temperaturas foram todas no final de setembro e início de outubro, temperaturas absurdas. Então, vamos ter um calorão nos próximos dias, até que essas chuvas se estabeleçam”.
Por enquanto, os modelos de análises meteorológicas não indicam chuvas significativas. Ou seja, ainda não é possível afirmar que as chuvas ficarão abaixo, na média ou acima do esperado para a estação.
Historicamente, essa combinação faz com que os meses de primavera sejam os mais quentes do ano em Mato Grosso do Sul, em especial o mês de outubro, que é o mês mais quente do ano em vários municípios do Estado.
“Você tem o ar muito quente, típico da nossa região, e em outubro as maiores temperaturas do ano. Logo, vem uma frente fria de pouca intensidade, pois já perde a força nessa época do ano, e ela causa um choque térmico. Consequentemente, vêm aquelas tempestades entre setembro e outubro, que a gente vê com mais frequência, com chuva de granizo e vendaval”.
Lembra da nuvem de poeira?
No dia 15 de outubro de 2021, Campo Grande era surpreendida por um vendaval com nuvem de poeira que encobriu toda a cidade. Naquela sexta-feira, por volta das 14h30, o tempo começou a virar e, em poucos minutos, a cidade estava tomada por um céu marrom e ventos que chegavam a 100 km/h. Casas em 67 bairros ainda enfrentavam a falta de energia elétrica, que chegou a durar dias.
O cenário se repetiu em 2024, quando a Capital e outras cidades de MS foram surpreendidas com uma nuvem de poeira. A expectativa era de que as chuvas amenizassem o tempo quente e seco; entretanto, fatores como a poluição e a atuação de sistemas meteorológicos causaram uma névoa mista de fumaça e poeira.
“A primavera tem a característica de, às vezes, ocorrer um calor de 40°C e entrar uma frente fria, com aquela massa de ar, e, então, isso dispara essas tempestades. Às vezes, forma-se uma linha de instabilidade, que provoca aqueles vendavais, como foi o caso da nuvem de poeira. Então, nunca se descarta a entrada de uma frente fria mais forte que pode causar, por exemplo, essas tempestades”, descreve.
La Niña
Por enquanto, não há conclusão sobre a probabilidade de ocorrer o La Niña, fenômeno oceânico-atmosférico responsável pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico. O evento gera mudanças nos padrões de circulação atmosférica, que impactam no regime de chuvas e podem favorecer o surgimento mais frequente de massas de ar frio. Apesar dos impactos, o La Niña não é o único fator que determina as condições climáticas.
“Para este ano, [os modelos] estão mostrando que, no Rio Grande do Sul, há uma possibilidade de influência do La Niña. Se ele entrar, talvez, por curta duração, o sul tende a ter chuvas abaixo da média, e isso reflete um pouco aqui no extremo sul de Mato Grosso do Sul, que sofre um pouco dessa influência do La Niña, de forma mais direta”.
Ainda, a análise indica que há incerteza sobre a previsão de chuvas em Mato Grosso do Sul. “Estamos numa fase de transição da região subtropical, que atinge a região Sul, e a tropical, na região amazônica. Em MS, ora tem comportamento subtropical, ora um comportamento tropical. Então, é mais difícil ter previsões em regiões de transição”.
Média histórica do trimestre
A primavera termina em 21 de dezembro, dando início ao verão. No entanto, entre setembro e outubro, grande parte do Estado deve registrar irregularidade nas chuvas, que podem ficar abaixo ou acima da média histórica. Apenas na região centro-oeste, a tendência mostra chuvas ligeiramente abaixo da média histórica para o trimestre.
Ainda, em relação à previsão climática da temperatura do ar para o mesmo trimestre, o modelo indica, de forma geral, que as temperaturas tendem a ficar acima da média histórica, provavelmente favorecendo a formação de períodos com temperaturas acima da média, principalmente na ausência de nuvens e chuvas.
É importante destacar que essa previsão representa uma tendência para a média do trimestre como um todo, não impedindo episódios de frio ao longo do período.
“A expectativa, pela nossa experiência, é não esperar [um período] tão crítico como o do ano passado, que teve um setembro e outubro cobertos de fumaça. O mapa de temperatura não mostra aquele vermelho [que indica temperaturas extremas], como estava na primavera passada. A tendência é um pouco acima da média para as regiões norte e leste de MS, mas a metade oeste está na incerteza, entretanto, indicando algo mais próximo do normal”, conclui.
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