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'Cofre do apocalipse': conheça o imponente e impenetrável Banco Mundial de Sementes, que tem mais de 1 milhão de amostras e fica a -18ºC

Quase tudo que se planta e se colhe ao redor do planeta está lá. São sementes idênticas às que os países guardam nos seus respectivos territórios.

18 FEV 2024 • POR Redação/EC • 20h40
Banco de sementes da Noruega. - Foto: Reprodução Fantástico

É na gelada Noruega, terra dos vikings e dos fiordes, que fica um banco mundial de sementes, o Svalbard Global Seed Vault (ou Silo Global de Sementes de Svalbard).

Atualmente, estão armazenadas lá cerca de 1,2 milhão de amostras de sementes, vindas de quase todos os países do planeta, mas o local tem capacidade para 4,5 milhões de variedades de culturas. Cada pacote possui, em média, 500 sementes. O objetivo, segundo o site oficial, é guardar toda essa "coleção" para "garantir a base do nosso futuro alimentar".

Quase tudo que se planta e se colhe ao redor do planeta está lá. São sementes idênticas às que os países guardam nos seus respectivos territórios. O local, com arquitetura imponente e enigmática, foi cenário da série "Noite Adentro" (2020/Netflix), quando um grupo, diante de uma catástrofe mundial, viaja para lá na expectativa de encontrar comida. 

Contexto... A existência do banco de sementes voltou à discussão ainda em  janeiro, no início do "BBB 24", quando o participante Lucas Luigi, que já foi eliminado, falou sobre o local, gerando memes e posts nas redes sociais.

Onde exatamente fica? No Ártico, a mil quilômetros do Polo Norte, na Ilha de Spitsbergen, no arquipélago de Svalbard, território norueguês.

Também chamado de "arca de Noé dos vegetais", "cofre do apocalipse", "nações unidas das sementes", "congelador mais importante do mundo" ou "plano B da humanidade", o banco é uma construção com ar futurista e jeitão de bunker, tudo no meio do gelo.

Tem semente brasileira lá? Sim, e muitas! Tem arroz, feijão, caju, maracujá, sementes forrageiras (para alimentação animal).

"A gente já mandou mais de 5.000 amostras", diz Juliano Gomes Pádua, supervisor do Banco Genético da Embrapa.

A primeira remessa foi em 2012 e a mais recente em 2022.

"E esse ano estão indo mais amostras. A gente vai mandar em meados do ano para chegar lá e pegar a abertura de outubro. O banco abre três vezes no ano", explica Juliano em entrevista ao g1. "A gente vai mandar milho, arroz, feijão, trevo, que serve para alimentação animal..."

Há outras sementes da América Latina: amostras de milho e feijão da Venezuela; de café da Colômbia; e de arroz da Guatemala e da Bolívia.

*Por que guardar sementes?* Desastres e guerras são algumas preocupações, mas não as únicas. As mudanças climáticas também vão exigir que as plantas se adaptem a mudanças extremas de temperatura, como falta de chuva ou chuva em excesso. Além disso há, ainda, a preocupação de armazenamento adequado e em temperaturas corretas, algo que nem sempre pode ser feito no país de origem das sementes.

Como as sementes são guardadas? Elas são fechadas em embalagens personalizadas de três camadas, que são lacradas dentro de caixas e armazenadas em prateleiras dentro do chamado cofre de sementes. Os baixos níveis de temperatura e umidade dentro do Seed Vault garantem baixa atividade metabólica, mantendo as sementes viáveis por longos períodos.

Em que temperatura as sementes ficam armazenadas? A menos 18°.

Por quanto tempo elas podem sobreviver? A resposta depende da espécie e de como é tratada a semente. O trigo pode ficar fértil por mais de mil anos. Já a alface, por exemplo, não dura mais que 50 anos.

 Quem mantém o local? O Svalbard Global Seed Vault é de propriedade da Noruega e gerido em parceria entre o Ministério da Agricultura e Alimentação norueguês, o banco genético regional NordGen e o Crop Trust. Ele foi inaugurado em 2008. Nenhum país precisa pagar para manter sementes lá. Nações europeias bancaram a construção, mas o consenso é que ninguém é oficialmente dono do local.

Por que lá?

É remoto, mas acessível;
É geologicamente estável;
Está acima do nível do mar, protegido de inundações oceânicas (uma preocupação crescente com o avanço das mudanças climáticas);
Por ser um local muito frio, já oferece um congelamento natural, o que é mais econômico;
É a prova de desastres como terremotos e inundações.

É possível visitar o local? Presencialmente... Não. Mas é possível fazer uma visita virtual pelo site. E o g1 visitou. É uma construção retangular "de pé". Por dentro, há um longo túnel que termina com uma porta "secreta" (antes dela, é preciso passar por outras cinco). É depois dessa última porta, trancada com chave, que as sementes ficam armazenadas em caixas etiquetadas.

Por lá, não há nenhum conflito diplomático: sementes da Rússia estão bem ao lado da caixa com sementes da Ucrânia, por exemplo.

Alguém pode tirar as sementes de lá? Sim. As caixas com as sementes são armazenadas em "condições de caixa preta", como explicado no site. Os depositantes são os únicos que podem retirar as suas próprias sementes. Quando as sementes são depositadas lá, a sua propriedade legal não é transferida. Isto significa que um depositante que opte por armazenar sementes no cofre de sementes ainda é o proprietário delas e o único que pode retirá-las de lá.

g1