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Denúncias e falta de confiança marcam eleições na Venezuela

21 MAI 2018Por Redação/OJ05h:45

A votação para presidente continua no final deste domingo (20), na Venezuela, depois de um dia em que algumas seções ficaram vazias e adversários do presidente Nicolas Maduro fizeram denúncias de fraude.

O processo eleitoral deveria terminar oficialmente às 18h (19h de Brasília), mas algumas escolas ficaram abertas bem depois desse horário em várias partes do país, mesmo sem filas de votantes.

Embora 20,5 milhões de pessoas estivessem aptas a votar, um grande número de abstenções deve favorecer a reeleição de Nicolás Maduro para mais 6 anos de mandato. Ainda não há um balanço oficial, mas o resultado do pleito pode sair ainda nesta noite.

A maioria da oposição decidiu boicotar a eleição e retirou candidaturas, o que também deve contribuir para a reeleição de Maduro. Apenas Henri Fálcon, Javier Bertucci e Reinaldo Quijada seguiram com as candidaturas.

O pleito ocorreu também para cidadãos venezuelanos residentes no exterior. Em diversos países, houve protestos contra o governo de Maduro, que ocupa o cargo desde 2013, após a morte de Hugo Chávez.

A fronteira com o Brasil foi fechada ainda no sábado, para "resguardar a soberania territorial" da Venezuela e para que as Forças Armadas controlem todo território nacional, segundo explicou o cônsul-adjunto da Venezuela em Roraima, José Martí Uriana.

A medida fez com que venezuelanos procurassem rotas clandestinas para comprar mantimentos no Brasil.

Maduro chegou para votar pouco antes das 6h ao colégio Miguel Antonio Caro, em Caracas, ao lado da esposa, Cilia Flores, e de vários colaboradores.

"Fui o primeiro votante da pátria (...) sempre em primeiro nas batalhas pela nossa soberania, pelo direito à paz", declarou o líder chavista.

Segundo pesquisa da Atlantic Council divulgada em 5 de abril, quase a metade dos venezuelanos avaliava não votar nas eleições presidenciais – o voto não é obrigatório no país.

A Frente Ampla Venezuela Livre, um dos grupos de oposição ao governo do país, afirmou ainda no meio do dia que a participação era de apenas 12% e denunciou a presença de aliados do chavismo em 85% das seções eleitorais, o que violaria um acordo firmado entre os candidatos antes do pleito.

Pontos de votação visitados pelas agências internacionais de notícias AP e Reuters tinham baixa participação, mas o governo não divulgou um balanço ainda.

Segundo o ministro das Comunicações, Jorge Rodríguez, mais de 2,5 milhões de venezuelanos já votaram e a participação é "excelente".

Agências internacionais e membros da oposição apontaram irregularidades nos chamados "pontos vermelhos" instalados pelo partido de Maduro, com objetivo de checar quem votou por meio do “carnê da pátria” - usado para ter acesso aos programas sociais do governo.

Durante a campanha, Maduro chegou a prometer "prêmios" para quem participar da eleição. Não há informação oficial, mas testemunhas afirmaram que o prêmio seria de 10 milhões de bolívares - cerca de US$ 13 no mercado paralelo.

O ex-pastor evangélico Javier Bertucci afirmou ter recebido mais de 1.400 denúncias de irregularidades, todas elas documentadas.

"Tenho centenas de vídeos que posso colocar à disposição dos jornalistas", disse o adversário de Maduro.

No final do dia, o presidente ainda pediu ao comando de sua campanha e aos militantes chavistas que facilitem o transporte de eleitores para que eles possam votar no pleito.

Países como Chile, Argentina e Espanha afirmaram que não irão reconhecer as eleições presidenciais venezuelanas, além da União Europeia.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, classificou neste domingo as eleições presidenciais na Venezuela como "fraudulentas" e disse que elas "não mudam nada" no cenário do país.

Os EUA anteciparam há um mês que não reconheceriam o resultado do pleito de hoje como estava sendo preparado, e o vice-presidente do país, Mike Pence, pediu recentemente que Maduro suspendesse as eleições, consideradas "falsas".

Como medida de pressão, o governo de Donald Trump também impôs nos últimos meses várias rodadas de sanções econômicas a funcionários do governo venezuelano, incluindo o próprio presidente Maduro, por abusos aos direitos humanos, corrupção e ações para minar a democracia.

A eleição presidencial estava inicialmente prevista para o fim deste ano, mas em 23 de janeiro a Assembleia Nacional Constituinte anunciou que ela seria antecipada para, uma data anterior a 30 de abril, depois fixada em 22 de abril. Mais tarde, porém, houve um adiamento para a segunda quinzena de maio.

Boicote e outros candidatos

Assim que as eleições foram anunciadas, a oposição avisou que iria boicotar o pleito. "Não contem com a Mesa da Unidade Democrática nem com o povo para aprovar o que, até agora, é apenas um simulacro fraudulento e ilegítimo de eleição presidencial", afirmou o coordenador político da MUD, Ángel Oropeza, em 21 de fevereiro.

Nicolás Maduro, Henri Falcon e Javier Bertucci, os três principais candidatos à presidência da Venezuela (Foto: Reuters/Carlos Garcia Rawlins/File Photos)

De qualquer forma, os dois maiores rivais de oposição de Maduro estariam impedidos de concorrer ao cargo: Leopoldo Lopez está em prisão domiciliar e Henrique Capriles está impedido de se candidatar a qualquer cargo por um período de 15 anos, por conta de acusações de má conduta quando era governador.

No entanto, o oposicionista Henri Falcón furou o boicote e decidiu se candidatar. Falcón, militar da reserva e dissidente chavista de 56 anos, é o candidato do Movimento ao Socialismo (MAS, esquerda).

"Consideramos que é imprescindível participar. Em um país onde o regime tem 80% de rejeição, é possível vencer, apesar das armadilhas e dos obstáculos", declarou Segundo Meléndez, presidente do MAS, em 26 de fevereiro, ao anunciar a candidatura.

Falcón, advogado, ex-prefeito e governador do estado de Lara entre 2008 e 2017, foi ligado ao movimento que levou Hugo Chávez ao poder em 1999, mas rompeu com o chavismo em 2010 mediante uma carta aberta na qual denunciou ter sido alijado por denunciar os erros da chamada revolução bolivariana. Além de Falcón, apresentaram candidaturas à presidência o pastor evangélico Javier Bertucci e o engenheiro Reinaldo Quijada.

Campanha

Apesar de tudo, Maduro cumpriu uma intensa agenda de campanha eleitoral e foi cauteloso quanto a um discurso de vitória certa antes da hora.

Mesmo com a grave crise econômica e política do país, o presidente participou de animados comícios diariamente, nos quais prometeu “uma revolução na economia”, cantou e dançou ao lado de artistas populares na Venezuela e até do ex-jogador argentino Diego Maradona.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, realiza evento de campanha acompanhado de sua mulher, Cilia Flores, e do ícone argentino do futebol Diego Maradona em Caracas (Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Maduro confirmou oficialmente sua candidatura à reeleição em 27 de fevereiro. Naquele dia, com funcionários de sua confiança, visitou o túmulo do líder socialista Hugo Chávez (1999-2013), antes de se encaminhar para a sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para entregar os documentos de inscrição.

"Este é o plano da pátria 2025, que é o aprofundamento do caminho e o legado de nosso amado comandante Hugo Chávez (...) na direção da prosperidade econômica", declarou na ocasião.

Observadores internacionais

Para tentar dar maior ar de legitimidade, a autoridade eleitoral venezuelana convidou a União Europeia (UE) para participar como observadora nas eleições presidenciais.

A pedido dos principais candidatos – o presidente Nicolás Maduro e o opositor Henri Falcón –, em 19 de fevereiro o CNE também solicitou ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que enviasse observadores para as eleições.

"Estamos esperando a resposta das Nações Unidas, que já declarou que não pode vir porque não faz parte de seus procedimentos", assinalou a funcionária, referindo-se à falta de uma resposta formal da ONU.

A oposição, além de boicotar as eleições, pediu que a ONU não participe do processo, para evitar legitimar uma eleição que diz ser manipulada.

No sábado (20), Maduro pediu capacidade de entendimento após as eleições para os Estados Unidos e União Europeia.

"Eu peço, não somente da UE, mas também dos EUA, uma capacidade de diálogo, de entendimento. Quero que escutem a voz e a verdade da Venezuela", disse. "Tomara que a UE tenha os olhos bem abertos para ver a verdade da Venezuela e abandone a intolerância ideológica contra a revolução bolivariana, que é uma revolução democrática", afirmou.

Fonte: G1/globo

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