Dinho Ouro Preto, na sua apresentação no Rock in Rio, dentre os políticos mais conhecidos, citou Aécio, Eduardo Cunha e Dilma por "sequestrar" a democracia.
Não vi, pelo menos no flash da reportagem que noticiou esse protesto, o nome do atual presidente da República brasileira, o senhor Michel Temer.
Talvez seu nome não foi citado porque o atual presidente não tenha simplesmente sequestrado o país, mas também "assaltado" o Brasil.
Sabemos que não há posicionamento específico para a manifestação da corrupção: ela vai da esquerda, passa pelo centro e chega à direita. A direção contrária também ocorre, na verdade a corrupção vai em todas as direções.
Em análise rápida e sem pretensões quanto ao alinhamento político - ideológico, conclui-se que a democracia brasileira convive com um sistema político que "se deixa" ser assaltada e sequestrada. O sistema está tão comprometido que uma simples "reforma" parece não ser o suficiente.
A idéia de reforma traz aquela sensação de que vai mexer apenas em alguns pontos localizados, semelhante a um imóvel em que se refaz uma pintura nova para melhorar a aparência.
Mais que uma reforma, a frágil democracia brasileira precisa de uma "refundação", em que os fundamentos, as bases sejam demolidas e construídas outras novas com a solidez que resista, por exemplo, a rumores e tremores de uma possível intervenção militar.
No entanto, "refundar" o sistema político implica em refundar primeiro o eleitor brasileiro que só se interessa pelo processo político apenas em período de campanha eleitoral.
Assuntos que são debatidos (isso quando o é) no Congresso passam ao largo do interesse coletivo, só assim se faz quando a imprensa, que Brasil se comporta como partido político, "provoca" a discussão.
Por isso, é compreensível que Dinho Ouro Preto ao usar do palco e da arte para manifestar seu protesto. Em seguida o artista entoou a canção que exemplifica a indignação de todos: "Que país é esse?"
A resposta do público foi: " É a porra do Brasil". É um Brasil que por omissão ou por ação desastrosa ajudamos a construir (ou seria destruir?)
Por: Valdir Silva