Artigo
Do sazonal ao periódico e das migalhas ao conta-gotas
Caravanas, expedições e ações cidadãs, acontecem hora ou outra na nossa cidade. Quando a população começar a gritar e desmaiar de dor, logo chega a solução (paliativa) dos nossos governantes.
Os nomes são chamativos, claro, os marqueteiros são profissionais tarimbados e ganham uma fortuna para nos LUDIBRIAR.
Vivemos nos dias atuais no que chamarei de Período do Sazonamento onde os sabichões dizem sem pestanejar: "É só passar o melzinho na chupeta que eles param de chorar e a gente engana todos eles".
O que acontece, porém é que as caravanas vêm e vão, são aves de verão... Tem a da saúde, do grupo da onça, da vitória, da ação cidadania, dizem que apareceu agora até a da espinhela caída.
E pra variar, parece que já tem outra vinda aí batizada de Expedição Cirúrgica. Mais uma para postarem na TV bronzeada, para falaciar que a saúde de Coxim é a 8ª maravilha do mundo.
Passam um batom na boca do povo e o pobre é empanturrado das migalhas que caem da mesa de seus senhores.
Parece até que a fórmula seja bem simples: com doença hoje, sem doença amanhã, e quando a caravana chegar fique dodói novamente e corra para os braços dessa galera!
Como diria um amigo meu: Se você não correr logo, perde a benção, pois a benção não tem perna...
Será difícil entender que queremos mais médicos TODOS OS DIAS, nos hospitais, nos postos de saúde, e até no SAMU, porque isso aqui está uma vergonha...
Em Coxim até os coitadinhos dos asfaltos são sazonais, nem bem nascem e já estão morrendo se “desmaterializando” sem ao menos completar um aninho pra mamãe desejar-lhe um feliz aniversário.
Os materiais tapa-buracos são como farelos de milho (que se dá para os porcos), e as placas de sinalizações, essas comadres, nem existem. Os quebra-molas irregulares, o transporte coletivo acabou há muito tempo e o escolar eu prometi que não irei comentar.
Coxim sempre foi um lugar de rotas culturais e de relevância histórica. A mais famosa é a Expedição Rota das Monções, mas como todas as expedições essa também é sazonal. Eram nessas expedições que os bandeirantes vinham em busca de ouro, de penas e de peles de animais não racionais. Nos dias atuais essa rota tem sido mantida graças ao Fundo de Investimentos Culturais (FIC) resgatando a nossa memória e identidade.
A gente aplaude porque todo ano ela deixa algumas migalhas pra nossa cultura local, mas como um vereador da Terra do Pé-de- Cedro passou recentemente a dizer: "Vocês não podem ter tudo, mas tenham um pouquinho, desanima não..." E esses aí são os “marcos” que a gente tem implantados em nossa terra fofa do chão.
Nossa Biblioteca Pública tiveram a capacidade de reduzir a apenas uma meia dúzia de livros que ficam escondidos em uma minúscula sala para que ninguém os leia.
Nosso telecentro está reduzido a uma meia dúzia de computadores “estragados” numa sala ao lado da “biblioteca”.
Mas o bom é que temos ótimos técnicos trabalhando e "justificam" muito bem para a nossa promotoria e se for preciso até para o Tribunal de Contas.
É a cultura do conta-gotas nesse mundo do faz de conta.
Mas eles injetam “cascalho” no nosso comércio! De que adianta se o “din din” é algo transitório, temporal e periódico!!!
Esses insaciáveis abusam da gente por quatro anos e depois cantam nos nossos ouvidos: Toma aqui uns 50 reais...
Está chegando o dia da campanha eleitoral, expedições e caravanas estarão novamente aqui em busca do nosso maior patrimônio: o voto.
Colocarão uma bandeira na nossa mão, sugarão o nosso sangue, ficaremos a dar pena, arrancarão o nosso coro, avermelharão a nossa pele...
A gente bem que podia aderir à onda e no dia da eleição... FAZER DE CONTA que votamos neles!
Por: Josimar Miranda
Josimar Miranda é professor, formado em Letras, com especialização em metodologia e ensino de História. Membro fundador e primeiro presidente da Academia de Letras do Brasil Seccional Coxim/MS.